Lideranças indígenas e personalidades estão cobrando, por meio de suas redes sociais, uma resposta sobre o sumiço de indígenas Yanomami da comunidade Aracaçá, região de Waikás, em Roraima. De acordo com as denúncias, na segunda-feira (25), a aldeia foi incendiada e um grupo de cerca de 25 indígenas está desaparecido desde que denunciaram o afogamento de uma criança de três anos e o estupro e a morte de outra de 12 anos, por garimpeiros.
Não é de hoje que o garimpo ilegal prejudica as Terras Indígenas, destruindo as florestas, levando doenças, exploração sexual e assassinatos. Em abril deste, o relatório da Associação Hutukara "Yanomami Sob Ataque: garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo" denunciou mais uma vez a situação. No documento são relatados casos de garimpeiros abusando de meninas Yanomami em troca de comida, as embebedando, além do relato da transmissão de infecções sexualmente transmissíveis.
Na campanha nas redes, os manifestantes tem usado hashtags como #sosyanomami #cadeosyanomami e o seguinte texto: “A nossa dor é como se não tivesse importância nesse país, mais de 500 anos sofrendo depois da invasão da nossa terra e que nunca parou. Uma comunidade inteira sumiu (ou teve que sumir), após denunciarem que garimpeiros estupraram até a morte uma criança de 12 anos e jogaram outra criança, de 3 anos no rio. A comunidade foi inteira queimada. CADÊ OS YANOMAMI?”
Lideranças indígenas como Sonia Guajajara, Alice Pataxó, Tukumã Pataxó e Daniel Munduruku, além Mídia Índia, Mídia Ninja e artistas como Maria Gadú, Alok, Anitta, Daniela Mercury e Whinderson Nunes estão cobrando nas redes sociais a cobertura jornalística e a apuração sobre a mortes das crianças e do desaparecimento dos demais indígenas. “Indignado com o silencio da grande imprensa e do (des)governo sobre esse caso estarrecedor. (...) Exigimos resposta, exigimos justiça”, escreveu em seu perfil no Twitter, Daniel Munduruku.
Após denúncia do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, a Polícia Federal (PF) foi até a comunidade, mas afirmou que não encontrou indícios de crime, e que iria continuar as investigações.
O Condisi-YY denunciou que garimpeiros estão coagindo os indígenas a não falarem sobre o que ocorre na comunidade. “Continuaremos a investigar e cobrar que os órgãos competentes atuem para retirada imediata dos criminosos que estão no Território Indígena Yanomami”, finaliza o comunicado do Conselho.
Fontes: informações de perfis oficiais no Twitter e Intagram, G1 e CNN
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