Um dossiê sobre os problemas estruturais do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Parintins, será elaborado por uma comissão formada por representantes da comunidade acadêmica e entregue à Reitoria da Ufam e à Prefeitura do município. A produção do documento foi um dos encaminhamentos da Reunião Ampliada ocorrida no campus, na segunda-feira (18), com docentes, discentes, técnicos(as)-administrativas em Educação (TAEs) e terceirizados(as).
Entre os problemas debatidos no encontro estiveram os ataques do governo federal à educação, a precarização do trabalho docente, a queda no financiamento das universidades públicas, o atraso no pagamento de bolsas estudantis, a falta de segurança e os problemas na infraestrutura da universidade e da rua que dá acesso ao campus.
A 2ª secretária da ADUA e professora do ICSEZ, Valmiene Florindo, avalia que a reunião foi importante para a retomada da mobilização acadêmica agora no retorno presencial da universidade e considerando, ainda, os diversos problemas enfrentados pelo campus como furtos nos laboratórios, assaltos e ameaças aos e às estudantes do instituto.
“Estivemos mobilizados durante a pandemia, mas agora é um recomeço dessa trajetória de mobilização mais intensa na ADUA e na própria universidade. Nós estamos voltando agora pra presencialidade e é natural agora impulsionar esse movimento”, comentou a docente.
Na Reunião Ampliada foi destacado que a unidade de luta dos setores do funcionalismo público, em especial da área da Educação, alcançou importantes vitórias em relação à Reforma Administrativa (PEC 32/2020). A resistência com a Jornada de Lutas contra a contrarreforma, no ano passado, em Brasília, levou o Legislativo a não pautar a proposta.
Valmiene Florindo afirmou que, durante a reunião, diversas falas pontuaram que o desfinanciamento das universidades públicas, a desvalorização do serviço público e os ataques aos e às estudantes e docentes no governo Bolsonaro têm relação direta com os problemas enfrentados no ICSEZ, assim como o crescimento da desigualdade e desemprego em Parintins. Sobre essa questão, o também professor do ICSEZ, Lucas Milhomens, ressaltou que não se pode fazer uma análise rasa sobre a falta de segurança, mas considerando a conjuntura sócio-política.
Encaminhamentos
O dossiê irá pontuar sugestões como ampliação do orçamento, contratação de segurança armada, instalação de câmeras de segurança, lombadas nas ruas, calçada, iluminação, e melhorias na internet e nos laboratórios.
As demandas específicas dos alunos e das alunas como, por exemplo, adoecimento e atrasos no pagamento e reajustes de bolsas, serão documentas e levadas à Coordenação Acadêmica.
“Nós, enquanto categoria discente, temos passado por diversas questões que tem comprometido muito o andamento do ensino e da nossa integridade física. E agora nós estamos voltando aos movimentos, voltando à mobilização. Nos colocamos contra qualquer e toda forma de desmonte da educação e do sucateamento, principalmente do ICSEZ, porque sentimentos muito com os cortes, com todas as questões que permeiam a universidade. Estamos nos movimentando, nos organizando pra que sejamos ouvidos e atendidos enquanto categoria discente que forma e constitui o ensino e pesquisa dentro do nosso instituto”, afirma a representante discente de Parintins no Conselho Diretor (Condir) da Ufam, Victoria Leal.
Os e as participantes decidiram, ainda, realizar reuniões periódicas para debater as questões do ICSEZ, sem desvincular a realidade das pautas nacionais em defesa da universidade pública, e inclusive para tratar sobre a Greve Geral do Funcionalismo Público Federal, atividade da Campanha Salarial 2022 da categoria que reivindica reajuste de 19,99%.
Em continuidade às atividades em defesa da universidade pública, a comunidade acadêmica do instituto realizará uma ação local para acompanhar a Semana de Luta do Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), a ser realizada de 25 a 29 de abril.
Foto: ICSEZ
Fonte: ADUA
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