A edição de 2014 do relatório sobre Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, lançado há uma semana trouxe como novidade o Índice de Desenvolvimento de Gênero.
A nova medida, publicada no documento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, indica diferenças entre homens e mulheres em três áreas: saúde, expectativa de vida, educação e acesso a recursos econômicos.
Disparidade
Em entrevista à Rádio ONU, em Nova York, a assessora de Comunicação do Pnud para a América Latina e Caribe, Carolina Azevedo, falou sobre o Índice.
"Em praticamente todos os casos, há diferença. Em geral o IDH, o bem-estar, vamos dizer, das mulheres é inferior ao IDH o dos homens. Na média, o IDH feminino é 8% menor que o IDH masculino.
Carolina Azevedo explicou ainda que na América Latina o IDH feminino é 6% inferior ao masculino. Este índice mais que dobra, de forma desvantajosa, na África Subsaariana, onde estão cinco países de língua portuguesa. Ali, o IDH das mulheres é quase 13% inferior ao dos homens.
Renda
Em apenas 16 países, entre eles a Argentina e o Uruguai, o índice de Desenvolvimento de Gênero das mulheres é igual ou maior que o dos homens.
"Muito impressionante mesmo é o acesso a recursos econômicos. O rendimento estimado comparado entre homens e mulheres é bem diferente. Os homens ganham em média 64% a mais que as mulheres no Brasil. Em todos os países, é bom lembrar, os homens ganham muito mais que as mulheres. A média global é que os homens ganhem o dobro que as mulheres".
Num outro país de língua portuguesa, Portugal, os homens ganham 73% a mais que as mulheres, diferença superior àquela do Brasil, na Guiné-Bissau e em Angola, por exemplo.
A medida foi calculada para 148 países. Segundo o escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano, o índice não foi medido para o Brasil "por falta de dados relevantes".
Desigualdade
A assessora do Pnud disse que o novo índice é diferente daquele da Desigualdade de Gênero, que já existia no relatório, mas segundo ela, eles se complementam.
O Índice de Desigualdade de Gênero têm indicadores específicos para mulheres como taxa de mortalidade materna, taxa de fertilidade adolescente, proporção de mulheres no Parlamento, e participação no mercado de trabalho e população com educação secundária, comparando homens e mulheres.
"A mais alta taxa de fertilidade adolescente entre os países de língua portuguesa fica com Angola que tem 170 nascimento por mil mulheres entre 15 e 19 anos. A proporção de mulheres no Parlamento no Brasil, por exemplo, é a mais baixa entre todos os países de língua portuguesa."
Segundo a assessora, a proporção de 9,6% de mulheres no Parlamento no Brasil fica abaixo da média global de quase 22%. Em Angola, esta proporção é de 34% e em Moçambique, quase 40%.
Ela disse ainda que a América Latina e o Caribe em geral ficam acima da média mundial em grande parte porque muitos países adotaram cotas nos Parlamentos e partidos políticos "para promover a participação de mulheres na tomada de decisão e nas políticas públicas".
Fonte: Brasil de Fato |