Camilo Capiberibe, governador do Amapá, atropelou a democracia ao nomear, na tarde de terça-feira (1), o novo reitor da Universidade do Estado do Amapá (Ueap). Capiberibe ignorou a votação realizada junto à comunidade acadêmica no início de maio e escolheu como administrador da universidade o professor Perseu da Silva Aparício, candidato derrotado no processo eleitoral. O ANDES-SN e a Seção Sindical dos Docentes da Ueap (Sindueap-SSind) divulgaram notas de repúdio ao ocorrido.
A reitoria da Ueap já estava colocada no centro de uma crise política, pois a antiga reitora, Maria Lúcia Teixeira Borges, não era professora efetiva da instituição, e sim da Universidade Federal do Amapá (Unifap). A comunidade acadêmica da Ueap reagiu de maneira enfaticamente contrária à nomeação antidemocrática.
O ANDES-SN, em sua nota, afirmou que “considera inaceitável o desrespeito perpetrado contra a autonomia da universitária e a democracia interna, instrumentos que têm garantido à universidade pública e gratuita o cumprimento do seu papel de educadora, criadora da ciência e propagadora das artes e da cultura”.
A nota do Sindueap sobre o caso classifica a escolha do governador como “autoritária, desrespeitosa e arbitrária”. A nota continua afirmando que o governador “não reconhece os princípios constitucionais da Autonomia Universitária e da democracia” na escolha dos cargos de reitor e vice-reitor.
Professores, técnico-administrativos em educação e estudantes já estavam mobilizados na Ueap. O movimento “Nomeie Já” exigia a nomeação imediata de Luciano Araújo Pereira, primeiro colocado na eleição, como reitor da universidade. O movimento, que chegou a ocupar a reitoria da Ueap por dois dias, também criticava o fato de a reitora da universidade não ser professora efetiva da instituição.
Quanto a isso, o governo estadual respondeu ironicamente na reportagem oficial sobre a nomeação do candidato derrotado, afirmando que “em atendimento à legislação aplicada, os ocupantes do cargo de reitor e vice-reitor devem pertencer ao quadro docente efetivo da Universidade”.
Prática comum durante a ditadura empresarial-militar, a nomeação de candidatos derrotados nas consultas à comunidade tem acontecido em menor número desde o fim do regime, mas ainda mostra seus resquícios em universidades federais e estaduais. A Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) são algumas das instituições que tiveram, nos últimos anos, sua democracia afrontada ao ter como reitores candidatos derrotados nas consultas.
Imagem: Agência Amapá.
Fonte: ANDES-SN |