Celebrado neste 11 de fevereiro, o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência foi instituído pela Organizações das Nações Unidas (ONU), em 2015, e objetiva incentivar meninas e mulheres a se dedicarem em carreiras dentro da ciência. Este ano, o tema central da celebração é “Equidade, Diversidade e Inclusão: a Água une-nos”.
O público feminino tem ocupado cada vez mais a ciência como lugar importante para suas trajetórias de vidas. Ainda assim, a equidade e inclusão são desafios enfrentados no cotidiano das milhares de brasileiras que se dedicam à educação e pesquisa. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), menos de 30% dos(as) pesquisadores(as) em todo o mundo são mulheres.
No Brasil, as mulheres são maioria entre matriculados(as) na graduação e doutorado, porém com baixa representação nos cargos de liderança. A problemática também é a realidade de outros países. Segundo dados de Pesquisa Comparativa sobre Mulheres e Meninas em STEM (Sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) na América Latina. Publicado ano passo pela Gender Summit, o estudo mostra que a representação feminina é de apenas 2% em cargos de liderança mais elevados em Ciência e tecnologia.
A desigualdade social também é acentuada. No Brasil, entre as bolsistas, 59% são brancas e apenas 26,9% são negras, e a presença de indígenas não chega a 1%.
Efeitos da pandemia
A maternidade sempre foi um dos desafios para as mulheres pesquisadoras. Durante a pandemia da covid-19, as dificuldades se ampliaram devido ao isolamento social, fechamento de escolas, estudo e trabalho remotos, adoecimento e sobrecarga das atividades domésticas.
Segundo dados do relatório “Gênero e COVID-19 na América Latina e No Caribe: Dimensões de Gênero na Resposta”, publicado pela ONU Mulheres, as mulheres foram as primeiras a perder seus empregos e sofreram mais cortes salariais.
Houve aumento da violência doméstica e de contextos que dificultam o acesso e permanência de mulheres na produção de espaços de educação e produção científica, resultando em queda no desempenho acadêmico e na carreira profissional. Os dados do relatório mostram que mais de 50% das mães deixaram de entregar artigos, enquanto apenas 38% dos pais deixaram de publicar.
Em entrevista à Agência Brasil, a professora e coordenadora de pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Cristina Baena, relata que a produtividade tem sido um grande desafio.
“Se você olha a produtividade anual das mulheres é a mesma, mas, ao longo da carreira, elas produzem menos, porque ficam menos tempo que os homens em papel de liderança na produção acadêmica e científica. Isso ocorre por causa da dificuldade da mulher de se manter nessa carreira juntando todas as responsabilidades que acumula”.
Na opinião da pesquisadora, é necessário incentivar a carreira da mulher cientista com bolsa pesquisa que considere a maternidade, acolhimento para filhos(as) em eventos científicos, por exemplo, o que certamente irá impactar positivamente na “formação de recursos humanos e na produção científica”.
A desigualdade priva o descobrimento de novos talentos e de inovação. O relatório do Fórum Econômico Mundial, lançado em 2021, mostrou a desproporção de gênero no trabalho, apontando que apenas daqui a 267 anos haverá alcance de equilíbrio entre homens e mulheres.
Neste sentido, é urgente a continuidade no movimento pela promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres em todos os níveis do sistema educacional, incentivando a presença das mulheres na ciência e promovendo ações para que que as meninas de hoje sejam as mulheres da ciência do amanhã.
Fontes: com informações da Fórum Econômico Social, Agência Brasil, Notícias de Coimbra, Gender Submmit, ONU, UNESCO e G1.
|