Cinco reitores(as) nomeados(as) pelo presidente Jair Bolsonaro para instituições federais de ensino, sem que fossem eleitos(as) nas consultas internas das comunidades acadêmicas, criaram, na quinta-feira (3), a Associação dos Reitores das Universidades do Brasil (Afebras). A assembleia de criação da associação paralela ocorreu no gabinete do Ministro da Educação, Milton Ribeiro, e aprovou por unanimidade a constituição da nova Associação, criação do Estatuto Social e eleição de membros para os órgãos da administração.
A Afebras faz frente à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), principal entidade que reúne os(as) dirigentes das 69 universidades federais, dois Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) e dois Institutos Federais de Educação (Ifes). Desde 2019, já ocorreram 26 intervenções nas reitorias das instituições federais de Ensino Superior, grave afronta à autonomia e à democracia das instituições.
O ANDES-SN se posiciona contra a prática de intervenção e mantém a campanha "Reitor(a) eleito(a) é reitor(a) empossado(a)", com objetivo de alertar a sociedade para a situação antidemocrática em que se encontra o Brasil. O Sindicato Nacional defende que o processo de escolha de reitores ou reitoras se inicie e se encerre no âmbito das instituições.
Na avaliação do ex-reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), professor Reinaldo Centoducatte, a criação da associação dos interventores trata-se de mais um ataque do bolsonarismo às universidades. "Estamos falando de um grupo de reitores nomeados por um governo autoritário, com ausência de projetos e legitimidade. É um ataque direto à autonomia", afirmou.
Quem são
As seis universidades representadas pela Afebras são: Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).
A associação paralela foi criada após quatro reitores e uma reitora nomeada por Bolsonaro pedirem a desfiliação da Andifes, em julho do ano passado, sendo Ludimila Serafim (Ufersa), José Cândido Lustosa Bittencourt de Albuquerque (UFC), Edson da Costa Bortoni (UnifeiI), Janir Alves Soares (UFVJM) e Carlos André Bulhões Mendes (UFRGS).
A presidência ficará sob a responsabilidade do reitor da UFC, José Candido Lustosa Bittencourt de Albuquerque, que na lista tríplice pelo Conselho Universitário, foi o que recebeu menos votos. A secretaria-executiva será ocupada por Ludimila Serafim, a terceira colocada nas eleições da reitoria da Ufersa.
O Conselho Fiscal é composto por Herdjania Veras Lima, reitora da UFRA; Paulo César Fagundes Neves, reitor da Univasf e, Janir Alves Soares, reitor da UFVJM, para um mandato de dois anos.
Intervenção
Ao todo, 26 instituições, entre universidades, institutos federais e Cefets sofreram intervenção federal na escolha da reitoria, ou seja, com nomeação de pessoas para o cargo de reitor(a) mesmo sem serem escolhidos(as) nas eleições internas das comunidades acadêmicas.
A mais recente intervenção aconteceu em janeiro deste ano, com a nomeação da terceira colocada na lista tríplice da Universidade Federal de Goiás (UFG), Angelita Lima, como reitora da instituição, ignorando o nome de Sandramara Chaves, eleita em 2021.
Na ocasião, o ANDES-SN emitiu nota de repúdio contra esse ataque direto ao direito democrático e interferência de Bolsonaro nos processos internos das Instituições Federais de Ensino. “Esses ataques às Universidades, Institutos Federais e Cefets, por parte do atual governo autoritário e genocida visam dar continuidade à implementação do projeto do capital para a educação. Intervenções, cortes orçamentários, a retirada de direitos sociais, perseguições e anticientificismo são algumas das expressões da perversidade da agenda neoliberal em curso no país”, afirma o Sindicato Nacional.
Fotos: Luis Fortes/MEC
Fontes: ADUA com informações do ANDES-SN, Pensar Piauí, Século Diário, Saiba Mais Agência de Reportagem, Extra Classe, GGN e MEC.
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