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  21/01/2022


Rebeldia e esperança é mensagem de Aula Inaugural de Formação de Professores Indígenas



 

“Nesta quadra sombria, em que há uma política governamental deliberadamente antipovos indígenas, de desmonte de conquistas consagradas na Constituição de 1988, o trabalho educativo necessariamente deve afirmar a defesa da vida dos povos originários de nosso País”, foi a mensagem do Professor Doutor do Departamento de Filosofia da Ufam e segundo vice-presidente da ADUA, José Alcimar de Oliveira, durante participação na aula inaugural do Curso Formação de Professores Indígenas da Faculdade de Educação da Ufam, ocorrida no formato virtual na segunda-feira (17).  A aula, que teve como tema Educação, Vida e Alegria: organizar a rebeldia e a esperança, marca o início das atividades acadêmicas para as três turmas do curso nos municípios de Lábrea, Manicoré e Benjamin Constant (Alto Solimões).

 

Para o professor José Alcimar, o melhor da educação escolar indígena não está no caráter escolar do processo educativo, mas antes no que o processo educativo tem a aprender da forma de vida dos povos indígenas. O docente ressalta que é necessário organizar a rebeldia e a esperança para fortalecer a própria luta.

 

“A alegria é também constitutiva da rebeldia e da esperança de cada povo. É parte da resistência coletiva. Da luta comum. Na alegria da luta, a rebeldia e a esperança adquirem forma e conteúdo”.

 

Durante a aula, que se transformou em um verdadeiro diálogo com participação de pelo menos 83 pessoas, a vice-coordenadora do curso e 2ª tesoureira da ADUA, Elciclei Faria dos Santos, leu o poema “Faz escuro, mas eu canto", em homenagem ao grande e reconhecido poeta Thiago Mello, que faleceu na sexta-feira (14).

 

O professor e coordenador do curso, Gersem José dos Santos Luciano, enfatizou que o momento era de oportunidade, resiliência e autonomia de pensamento, pois não se pode proibir que os povos indígenas exercitem o pensar, o conhecer, o estudar e o dizer. O professor ressaltou em concordância com o tema da aula, que as mobilizações indígenas, por mais difíceis que sejam as causas, são sempre permeadas de resistência e alegria.

 

“Como militante da luta indígena, eu posso testemunhar isso. As lutas indígenas, pelo menos na minha geração, que acontecem nesses últimos 35 anos, elas de fato, por piores momentos que sejam, elas sempre acontecem em meio a alegria. Não vai haver nenhuma mobilização indígena sem dança, sem cantoria, não é? Muita emoção, muita música, muita dança, sempre fazem parte das lutas e mobilizações indígenas”.

 

A mensagem de rebeldia e esperança é essencial no atual contexto, pois apesar da pandemia, o ano de 2021 foi marcado pela luta dos Povos Indígenas em diversas atividades em Brasília (DF) e nos estados, devido os constantes ataques do governo federal.

 

Além das mortes causas pela covid-19, os indígenas enfrentam aumento da violência, doenças, invasão e fome em Terras Indígenas (Tis). Neste sentido é mantida a luta em prol do direito à terra e à vida dos habitantes originários do Brasil.

 

Formação Indígena

 

O curso de Licenciatura Formação de Professores Indígenas da Ufam foi iniciado em 2008 e já formou cinco turmas, totalizando 225 profissionais que concluíram o curso.

 

Em 2022, são 3 turmas em processo formação, com aproximadamente 160 estudantes matriculados no período letivo 2021/1, dos municípios de Lábrea, Manicoré e Benjamin Constant.

 

O curso configura-se como uma possibilidade de responder ao desafio de contribuir na formação específica de professores indígenas para atuarem nas escolas de suas aldeias. Neste sentido cumpre o objetivo de formar, em nível superior, numa perspectiva intercultural e interdisciplinar, professores indígenas para atuar na 2ª etapa do ensino fundamental e no ensino médio, nas escolas indígenas, com habilitação plena nas áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais, Ciências Exatas e Biológicas, Letras e Artes.

 

 

Fonte: ADUA



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