Após duras críticas, o Ministério da Saúde (MS) divulgou, na quarta-feira (5), que não vai mais exigir pedido médico para vacinar crianças de 5 a 11 anos. O primeiro lote de vacinas pediátricas deve chegar ao país na próxima quinta-feira (13). O ANDES-SN divulgou nota em defesa da vacinação e criticou a explícita campanha antivacina do presidente Jair Bolsonaro.
Desde o início da pandemia, o Brasil registrou cerca de 6 mil casos de Síndrome Respiratória Grave por causa da covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, totalizando 301 óbitos. Isso significa que 5% desenvolvem a forma grave da doença. No entanto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a afirmar que esse número é irrelevante e não justifica a vacinação desse público.
Em transmissão nas redes sociais, na quinta-feira (6), Bolsonaro manteve a postura negacionista e voltou a espalhar mentiras sobre a vacina contra covid-19.
“É muito grave que o Poder Executivo – representado pelo Presidente da República e seu Ministro da Saúde – coloque em dúvida decisões pautadas em evidências e dados científicos. A fabricante apresentou dados de estudos fases 1, 2 e 3 sobre a vacinação de crianças, além da farmacovigilância em vários países, com aplicação de mais de 5 milhões de doses para essa faixa etária”, criticou o Sindicato Nacional.
No dia 16 dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a aprovação da versão pediátrica da vacina da Pfizer. No mesmo dia, Queiroga afirmou que o aval da Anvisa e a vacinação em 39 países com o imunizante da mesma fabricante não eram suficientes para a pasta autorizar a vacinação das crianças sem a apresentação de uma recomendação médica. O MS chegou a fazer uma consulta pública sobre o tema. Os resultados mostraram que a maioria das pessoas foi contrária à prescrição médica no ato da vacina. Cerca de 100 mil pessoas se manifestaram até o dia 2 de janeiro.
Entidades médicas, científicas e de outras áreas ligadas à Saúde e Educação se manifestaram contra a decisão do governo federal em realizar a consulta pública, pois o ato fere os princípios básicos de saúde coletiva.
A Sociedade Brasileira de Pediatria emitiu uma nota de repúdio ao posicionamento do presidente e reiterou que a vacina é segura e eficaz contra a covid-19. “A vacina previne a morte, a dor, sofrimento, emergências e internação em todas as faixas etárias. Negar este benefício às crianças sem evidências científicas sólidas, bem como desestimular a adesão dos pais e dos responsáveis à imunização dos seus filhos, é um ato lamentável e irresponsável, que, infelizmente, pode custar vidas”.
Em nota, o ANDES-SN afirmou que a exigência de prescrição médica é absolutamente inaceitável e dificulta a vacinação para crianças cujas famílias têm maiores dificuldades de acesso aos serviços de saúde.
“As crianças têm o direito de receber a vacina aprovada. Além disso, podem transmitir o vírus. Limitar a cobertura vacinal é negar um direito e contribuir para o avanço da pandemia, inclusive para o aparecimento de novas variantes”, afirmou o sindicato em nota.
As primeiras doses do imunizante devem ser aplicadas ainda no mês de janeiro, com prioridade para crianças com comorbidades. A estimativa é vacinar 20 milhões de crianças até o final do primeiro trimestre. O intervalo entre as doses será de 8 semanas.
Leia na íntegra a nota do ANDES-SN.
Foto: Agência Brasil
Fontes: ADUA com informações do ANDES-SN e CSP-Conlutas
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