Malária, desnutrição de crianças e outros problemas consequentes do desmatamento e da exploração do garimpo ilegal têm afetado mortalmente os Yanomami, o que tem contado com a total negligência do governo Bolsonaro. Diante desse cenário, um ato em apoio ao povo indígena está sendo convocado para sexta-feira (10), com concentração às 15h, na Praça do Congresso, no Centro de Manaus. A organização é da Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI), da qual a ADUA faz parte.
O ato público contará com participação de delegações indígenas Yanomami e de outros povos. Segundo a integrante da FAMDDI e 2ª tesoureira da ADUA, professora Elciclei Faria, este é um momento em que os povos indígenas vão reivindicar a defesa à vida do Povo Yanomami, com sua própria voz, compartilhando os seus depoimentos e denúncias, e toda a população pode prestar solidariedade, fazer frente e mostrar sua indignação contra a essa triste realidade enfrentada pelo povo Yanomami.
“Em tempos sombrios da necropolítica governamental, tempo de tantas violações à vida e aos direitos humanos, em especial à vida na Amazônia, um cruel acontecimento chamou a atenção da opinião pública, a morte de duas crianças Yanomami, sugadas por dragas do garimpo ilegal que tem invadido seu território. A morte dessas duas crianças chamou, também, atenção para uma outra grave questão, a desnutrição que violenta o povo Yanomami, atualmente. Quando a infância livre e autônoma e cheia de perspectivas do bem viver é sugada e morta pela ganância desumana e perversa do sistema mundo que lamentavelmente nos violenta e insiste em nos dominar, é mais uma vez sinal e grito de que precisamos juntar forças para continuar resistindo e lutando por profundas mudanças”, afirmou.
A mobilização, que também marca o Dia Internacional dos Direitos Humanos, reunirá associações e organizações indígenas, indigenistas e lideranças do povo Yanomami para fortalecer a resistência contra o genocídio dos povos originários do Brasil.
Yanomami
A Terra Indígena (TI) Yanomami possui 9,6 mil hectares, sendo o maior território demarcado no Brasil, com a presença de mais de 30 mil indígenas em 321 aldeias. Nos últimos meses, o território tem sofrido diversos ataques, com conveniência do governo federal.
Roraima é um dos estados brasileiros com a presença dos Yanomami e, desde 2019, tem enfrentado o maior avanço do garimpo ilegal, provocando a poluição dos rios, matando os peixes e afastando a caça, segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi-YY), Junior Yanomami.
O presidente do Condisi-YY acompanhou os repórteres do programa Fantástico, da TV Globo, nas aldeias Surucucu e Xaruna. A reportagem e podcast, veiculado no dia 14 de novembro, apresentou ao Brasil um cenário de tristeza enfrentado pelo povo Yanomami, com prejuízos diretos em crianças desnutridas e doentes e sem assistência.
O descaso e o aumento de violência nas TIs têm sido constantemente denunciados. Em maio deste ano, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) protocolou documento no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a retirada imediata dos invasores de sete TIs, em especial das Yanomami, em Roraima, e Munduruku, no Pará.
Em novembro, durante a Conferência Mundial sobre o Clima (COP 26), organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Glasgow, uma delegação composta de 40 indígenas brasileiros denunciou o genocídio dos povos indígenas, a destruição da Amazônia e os ataques do PL 490, que altera a demarcação de TIs e favorece ruralistas, madeireiros, latifundiários e garimpeiros.
Fonte: ADUA com informações da FAMDDI
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