Aumento da violência, doenças e fome em Terras Indígenas (TIs) são alguns dos impactos já vividos pela exploração desenfreada da Amazônia. No rio, centenas de balsas e dragas invadiram o Rio Madeira, no Amazonas, à procura de ouro na região de Autazes (a 110 quilômetros de Manaus). O desmatamento na região aumenta e põe em risco o bioma e a vida de milhares de indígenas, que sofrem diretamente com as ações ilegais de mineradoras, grileiros e fazendeiros.
Passaram-se semanas para que houvesse alguma ação contra as balsas de mineração ilegal que exploravam o rio Madeira, após repercussão do fato na imprensa. Segundo o coordenador técnico do mapeamento de mineração do MapBiomas, César Diniz, as imagens de satélite da região mostram as atividades de balsas de extração de ouro há pelo menos um mês.
Somente na quinta-feira (25), os garimpeiros começaram a dispersar e desfazer a vila que se formou sobre o rio. No fim de semana, a Polícia Federal (PF), com apoio das Forças Armadas, destruiu 131 balsas e prendeu três pessoas na Operação Uiara. O Ministério Público de Contas acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar se houve omissão dos órgãos de fiscalização.
Segundo o MapBiomas, a exploração ilegal de minérios na Bacia do Madeira saltou de 3.753 hectares em 2007 para 9.660 hectares em 2020, uma expansão de 5.907 hectares. A rede colaborativa também informou que, no Brasil, 50% da atividade garimpeira é potencialmente ilegal, sendo que 40% delas é realizada em unidades de conservação e 10% em TIs. Em um vídeo sobre a expansão da mineração e do garimpo no Brasil, o procurador da República, Gustavo Kenner Alcântara, destacou que existe claro apoio do governo federal no estímulo dessa atividade, resultando na impunidade do garimpo ilegal.
Ameaça aos Indígenas
A exploração da Amazônia leva fome e doença para diversos indígenas. Em recente divulgação no programa Fantástico, da Rede Globo, o Brasil assistiu a imagens de crianças desnutridas e comunidades indígenas Yanomami desamparadas, em Xaruna, região da Serra do Parima, município de Alto Alegre, próxima a garimpos ilegais em Roraima. A situação em Xaruna não é um caso isolado. O vice-presidente da Associação Hutukara, Dario Kopenaua, afirma que as aldeias estão sofrendo e pede para que a situação seja divulgada.
A exploração do garimpo e desmatamento contamina a água, compromete a caça e a pesca. Os e as indígenas, principalmente as crianças, ficam vulneráveis a doenças, e o socorro médico e remédios nem sempre chegam a tempo devido ao difícil acesso às TIs.
Foto: Victor Moriyama/ Divulgação Instituto Socioambiental (ISA)
Fontes: com informações da CSP Conlutas, Repórter Brasil e Observatório do Clima, ANDES-SN, Jornal Nacional, G1, Correio Braziliense, Revista Globo Rural, MapBiomas e Casa Ninja Amazônia.
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