O Brasil, país que sediará os jogos da Copa do Mundo, tem seu evento construído pelas mãos, suor e vida dos operários. Durante a construção de estádios para o Mundial, ao menos nove operários morreram nos canteiros de obras. Este número pode ser ainda maior se foi somada as mortes em outras obras e serviços indiretos.
As mortes ocorridas nas obras da Copa colocam em evidência a falta de segurança a que os trabalhadores brasileiros são submetidos. A pressa para atender os prazos e as altas cargas horárias cumpridas, além da falta de condições de trabalho, são atualmente as maiores causas de acidentes no país. Quando o lucro vale mais que a vida, os trabalhadores estão sujeitos a perder suas vidas, e é o que vem acontecendo neste momento.
O governo federal tem sua parcela de culpa para esse grave quadro em que se encontra a saúde do trabalhador brasileiro, mas não somente por causa da Copa. Por dia, em média 5.500 pessoas morrem no mundo por enfermidades relacionadas ao trabalho, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho). A principal causa das mortes são as doenças ocupacionais. Em média, a cada ano, de um total de 2,34 milhões de mortes relacionadas ao trabalho, 2,02 milhões são provocadas por doenças ocupacionais. O restante, 321 mil, se deve a acidentes.
A verdadeira causa desses números que agridem mais que uma guerra é a ganância dos empresários e o descaso dos governos, que não fiscalizam nem punem as irregularidades. Com isso, os empresários têm toda liberdade para fazer o que bem entendem, submetendo o trabalhador às condições mais precárias, até mesmo, similares à escravidão.
Recentemente, a CSP-Conlutas denunciou casos assim aos órgãos competentes. Resgatou nove trabalhadores em situação análoga à escravidão em uma obra da Prefeitura de São Paulo. Mas, nos últimos meses, este número já ultrapassou 40 pessoas resgatadas em tais condições pela nossa Central.
Desmonte do MTE
Nos últimos anos, tem ocorrido um verdadeiro desmonte do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e de outras instituições responsáveis por fiscalizar e punir as empresas que descumprem a legislação.
A falta de auditores fiscais do trabalho, que deveriam cumprir o importante papel de fiscalizar é um exemplo disso. Atualmente, o MTE conta com pouco mais de 2 mil profissionais para realizar esse serviço no país inteiro.
A tendência é que esse número diminua a cada ano, já que o governo não abre concurso público para preencher as vagas deixadas por aqueles que se aposentam. Diante desses fatos lamentáveis comprova-se que as prioridades do governo são outras.
* Com edição do ANDES-SN
* Imagem: Agência Reuters
Fonte: CSP-Conlutas |