A diretoria da Adua repudia ato de truculência policial que marcou a tarde de terça-feira (25) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em solidariedade à comunidade acadêmica daquela universidade, a seção sindical aprovou, em reunião realizada nesta quinta-feira (27), moção de repúdio contra as ações de perseguição e repressão realizadas pela Polícia Federal (PF) na UFSC.
A abordagem de agentes da PF – que começou com revista e terminou com agressão a professores, técnico-administrativos e estudantes, além de prisão – transformou o campus da UFSC em praça de guerra. Esses atos “reeditam os tempos da ditadura militar e mais uma vez aprofundam o desrespeito sistemático do atual governo ao artigo 207 da Constituição Federal”, diz trecho da nota, referindo-se à perda da autonomia universitária.
Nesta quinta, o ANDES-SN encaminhou uma carta ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, exigindo a imediata apuração dos fatos e a consequente punição dos responsáveis pela operação considerada “lamentável e ilegal”. “Salta aos olhos que agentes da própria Polícia Federal tenham agido violenta e desrespeitosamente, como mostra a imagem desses agentes lançando spray de pimenta no Diretor do Centro do Filosofia e Ciências Humanas daquela universidade, professor Paulo Pinheiro Machado, que buscava negociar uma solução pacífica e respeitosa de acordo com a Lei”, destaca trecho do documento.
O Ministério da Educação também solicitou, nesta quarta (26), ao Ministério da Justiça explicações sobre o fato ocorrido no campus da UFSC. “Tão logo receba as informações do Ministério da Justiça e da UFSC, o MEC tomará as medidas cabíveis, com o rigor que o caso exige”.
Após audiência pública realizada nesta quarta, com ampla participação da comunidade acadêmica e, sobretudo, em virtude da pressão exercida pelos estudantes, que continuam ocupando o prédio da administração superior da universidade, a reitoria encaminhou ao movimento estudantil um termo de compromisso que visa resguardar e reafirmar a autonomia universitária, bem como defender os direitos constitucionais da UFSC e de seus alunos.
O documento consiste, entre outras coisas, na elaboração de “um calendário para discussão com a comunidade e a definição de uma política de segurança na UFSC”, além de solicitação ao Ministério Público de Santa Catarina para que “seja retirado o item referente às ações policiais, reafirmando que nenhuma ação policial poderá ser feita nos campi da universidade sem autorização prévia e formal da autoridade máxima da instituição, condição que já constava no termo atual e foi desrespeitada”.
Solidariedade de outras ADs
Em Assembleia Geral realizada nesta quinta, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Universitário de Rondonópolis (Adufmat/ Rondonópolis) decidiu, por unanimidade, repudiar a invasão, a repressão e as ações ilegais cometidas pela PF na UFSC e na Universidade Federal de Campina Grande – caso ocorrido na semana anterior – e ainda solicitar apuração dos fatos.
“Diante de tal ato que fere o art. 207 da Constituição Federal, solicitamos às autoridades competentes a apuração imediata dos fatos e a consequente punição dos responsáveis por esta operação lamentável e ilegal, quando professores, técnicos administrativos e alunos foram reprimidos de forma violenta e desumana”, diz trecho da nota de repúdio.
Nesta quarta, a Seção Sindical do ANDES-SN na UFSC também manifestou posicionamento contrário à invasão do Campus da instituição pela polícia. “A segurança da UFSC deve ser pensada para garantir os direitos da comunidade universitária, e não para violá-la. Por isso, vamos todos à mobilização contra este ato de violência e em defesa da autonomia das Universidades e dos direitos sociais”, alerta a nota, que, além de descrever a ação truculenta, sugere medidas de responsabilização.
Fonte: Adua |