A insegurança alimentar é o principal problema de mais da metade da população brasileira. Segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), são, pelo menos, 19,1 milhões de brasileiros e brasileiras que efetivamente passam fome.
No dia 12 de outubro, o jornal Le Monde publicou a reportagem “Brasil afunda na pobreza extrema”, onde relata o aumento da pobreza no Brasil, com dados da Universidade de São Paulo (USP), denunciando que o país acumula mais de 60 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza.
A crise econômica brasileira já era um problema e se intensificou durante a pandemia da covid-19 e com a má gestão do governo de Jair Bolsonaro, que despreza a população mais pobre.
Enquanto a alta do dólar beneficia a empresa no paraíso fiscal do ministro da economia, Paulo Guedes, milhares de pessoas no Brasil passam fome. O número de moradores de rua cresce, ao mesmo passo em que aumenta o preço da carne, arroz, feijão, energia elétrica e gasolina.
O mundo inteiro se espantou com a capa do Jornal Extra, no dia 29 de setembro, intitulada “Garimpo contra a fome: sem comida, moradores do Rio recorrem a restos de ossos e carne rejeitados por supermercados. O jornal registrou a coleta de ossadas de boi para alimentação de pessoas no Rio de Janeiro.
“Estamos vivendo a barbárie”, lamenta a integrante do movimento por moradia urbana Luta Popular e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Irene Maestro.
(Crédito: Jornal Extra)
Fome aumenta, mas bancos lucram
Segundo o relatório do Banco Central do Brasil (BCB), publicado nessa segunda-feira (18), a realidade do povo brasileiro pouco impacta na lucratividade do sistema bancário. Apesar da pandemia, só no primeiro semestre de 2021, o sistema bancário lucrou R$ 62 bilhões.
É um faturamento que acontece em meio ao aprofundamento da fome e da miséria no país. E de acordo com as análises realizadas pelo BCB, não há risco relevante para a estabilidade financeira. “A liquidez do sistema bancário retorna gradativamente ao patamar pré-pandemia e mantém-se em nível confortável e compatível com o balanço de riscos”, diz o documento.
Prateleiras cheias x pratos vazios
Neste ano, o Instituto Brasileiro Geografia Estatística (IBGE) apontou o aumento de preços para os alimentos baseados na medição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que estavam em 64%, a partir de uma pesquisa em 1.662 domicílios urbanos e 518 rurais. Consequentemente ao aumento dos preços de alimentos e ao aumento do desemprego, há uma queda na qualidade da alimentação, ou seja, aumenta o consumo de alimentos ultraprocessados e baratos, conforme dados da Pesquisa Datafolha para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
Segundo Irene Maestro, milhares de pessoas no Brasil estão passando fome ou fazendo apenas uma refeição por dia. “Mas os mercados permanecem com suas prateleiras cheias. Se na mesa de nosso povo o prato é a fome, na mesa dos grandes empresários o prato é a acumulação. Eles ficaram muito mais ricos nesses tempos, enquanto nós muito mais pobres”. denunciou.
Record de desemprego
O Brasil está alcançando a taxa de 14% de desemprego, um alto índice em meio ao também caótico resultado da Contrarreforma Trabalhista e a precarização do trabalho. O preço da cesta básica aumentou e a população está ficando sem alternativa.
A combinação desses fatores resulta no aumento da miséria e de ocupações e favelas em regiões de difícil acesso e sem serviços básicos. Diante deste cenário, Irene Maestro afirma que a saída é a ocupação das ruas pela derrubada do governo Bolsonaro. “A nossa situação só vai melhorar quando os de baixo derrubarem os de cima”, disse.
Fontes: com informações do ANDES-SN, CSP-Conlutas, IBGE, Rede Penssan, Folha de São Paulo, Le Monde, Jornal Extra e Banco Central do Brasil.
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