A greve dos técnicos-administrativos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) chegou ao quarto dia ganhando força com a adesão de mais trabalhadores ao movimento paredista, deflagrado por tempo indeterminado. Em Assembleia Geral (AG) realizada na manhã desta quinta (20), no hall da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), no setor Sul do Campus Universitário, mais de 180 servidores aprovaram a continuidade da greve. Houve apenas duas abstenções.
“Nós estamos só no começo e a nossa força está repercutindo socialmente, tanto na universidade como fora dela”, disse a técnica Ana Grijó, integrante do Comando Local de Greve (CLG). Ela destacou que a greve tem caráter de esvaziamento do local de trabalho, mas o movimento paredista requer a participação dos trabalhadores nas atividades de mobilização e de deliberação.
A servidora enfatiza que a deflagração da paralisação geral da categoria se deu em virtude do não cumprimento, por parte do governo, do acordo firmado por ocasião da greve de 2012. “A nossa nação é rica, mas a política governamental não prioriza o trabalhador”, afirmou.
Para um dos membros da coordenação-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior do Estado do Amazonas (Sintesam), Carlos Almeida, o governo tem adotado uma “postura fascista” ao não abrir diálogo com o movimento dos trabalhadores, tampouco dispor-se a discutir a pauta de reivindicação da categoria. “Ele [governo] conhece bem as nossas reivindicações, mas não dialogo. Por isso, vamos manter a nossa greve e apostar no crescimento dela”, disse, acrescentando que é “necessário construir a correlação de forças para sair vitoriosos”.
Reivindicações
Os trabalhadores reivindicam o aprimoramento da carreira, com piso inicial de três salários mínimos e step de 5% (com base no acúmulo histórico da categoria); ascensão funcional; reconhecimento dos cursos de mestrado e doutorado realizados fora do país para incentivo à capacitação; aproveitamento de disciplinas de pós-graduação para pleitear progressão por capacitação profissional; e turnos contínuos com jornada de trabalho de 30 horas semanais, sem redução salarial.
Além disso, os servidores pedem a revogação da lei que criou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e delegou à empresa público-privada a gestão dos hospitais universitários; o fim da perseguição e criminalização dos movimentos sociais e sindicais; construção e reestruturação das creches nas universidades para seus trabalhadores sem municipalização. Localmente, os técnicos também lutam por melhores condições de trabalho na Ufam.
Almeida fez questão de destaque que a pauta de reivindicações luta por melhorias para todos os técnicos-administrativos, independente de serem associados ou não ao Sintesam. “Vale lembrar que essa greve é da categoria e não dos sindicalizados”, disse.
Ao todo, a Ufam dispõe de 3.021 técnicos-administrativos, já inclusos nesse quantitativo aproximadamente 700 servidores que tomaram posse nos últimos três anos, de acordo com dados do Departamento de Recursos Humanos, repassados pela Assessoria de Comunicação da universidade.
Agenda de Mobilização
Durante a AG, os servidores aprovaram ainda o calendário de atividades para o período de 21 a 25 de março, que inclui participação da categoria nos Conselhos e ainda mais uma rodada de AG.
Nesta sexta-feira (21), haverá reunião da Coordenação Executiva do Sintesam, às 9h, na sede do Sindicato. Pela tarde, às 14h, o encontro é na sala da Comissão Interna de Supervisão da Carreira (CIS-Ufam) e deve reunir integrantes do CLG.
Já na segunda (24), às 8h, a categoria participará da reunião do Conselho de Administração, na Faculdade de Direito. À tarde, o Comando de Greve volta a se reunir na sala do CIS-Ufam. Na terça (25), a participação da categoria será no encontro do Conselho Universitário, maior instância deliberativa da instituição. A programação encerra à tarde, com a 3ª Assembleia Geral da categoria, às 15h, no hall da FCA.
Fonte: Adua |