O 19 de setembro de 2021 marca a data do centenário de nascimento de Paulo Freire. Educador, pedagogo e filósofo, defensor da educação brasileira para todos e todas. Nascido em Recife, no estado de Pernambuco, Paulo Freire é conhecido mundialmente pelo desenvolvimento de seu pensamento de que a educação, por meio da reflexão crítica, é o caminho para a emancipação de sujeitos e transformação de realidades. Dentre sua vasta publicação, três obras se destacam: “Pedagogia do Oprimido”, ‘Pedagogia da Esperança” e “Pedagogia da Autonomia”. Em 2012, a partir da Lei 12.612, Freire é considerado Patrono da Educação Brasileira.
Paulo Freire deixa um legado que reverbera tão forte nos tempos atuais, quanto no contexto no qual viveu. Em abril de 1990, o educador concedeu uma entrevista para a primeira edição da Revista Universidade & Sociedade e declarou: “Quanto mais criticamente claros nos tornamos em face de, a favor de que e de quem, contra que, e contra quem somos educadoras e educadores, tanto melhor percebemos que a eficácia de nossa prática exige de nós competência científica, técnica, e política. Jamais uma sem a outra. Jamais clareza política sem saber científico. Jamais este com ares de descomprometido. Na linha destas reflexões é que me parece fundamental o papel político-pedagógico das entidades da categoria. Tudo o que puder ser feito como contribuição à formação permanente de seus quadros numa prática e numa visão que não dicotomize o político do científico, deve ser feito”,
Em 2020, o ANDES-SN lançou a edição 66 da revista Universidade e Sociedade, com o tema "O Legado de Paulo Freire para a Educação", composta por mais 25 textos, entre artigos e resenhas. A revista traz diversas reflexões sobre as contribuições freirianas para a Educação, para a Universidade Pública e para a militância sindical, popular e partidária.
Em entrevista para o ANDES-SN, em 2018, a docente da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Maria Margarida Machado, comentou sobre o legado de Paulo Freire, afirmando que Freire combatia a opressão decorrente da situação financeira e da limitação do acesso aos bens materiais, e a mentalidade conservadora
“A mentalidade conservadora, tradicional, tem a ver com o que o sujeito aprende com a sua família, na religião e no trabalho. Nessas relações, essa convivência ao invés de torná-lo um sujeito livre e amoroso, o aprisiona a um conjunto de preceitos morais, éticos e céticos que o distancia de outros seres humanos”, disse Margarida.
É no pensamento freiriano que se encontra a concepção de que o conhecimento deve ser resultado de um processo de construção, e não de uma relação em que educadores depositam “verdades” aos educandos, como se estes tivessem caixinhas, que pudessem ser acessadas como arquivos. Esta é a crítica à educação bancária desenvolvida por Freire.
“Aprender, para Paulo Freire, é acessar o conhecimento sistematizado, problematizar esse conhecimento, buscar a compreensão para além daquilo que é dito”, explica Margarida.
Neste sentido Paulo Freire compreendia que para se humanizar o sujeito passa por um processo de aprender, este aprender sendo resultado das relações coletivas, do exercício dialógico, e não monológico, com o outro. E nesta compreensão, é também fundamental para Paulo Freire, que o educando deve se empoderar e reconhecer-se como sujeito transformador de realidades.
Paulo Freire formou-se em direito, mas não seguiu a carreira. Dedicou-se então ao magistério. Foi perseguido pela Ditadura Militar, preso e exilado. Com a anistia, retornou ao Brasil em 1979, onde se integrou à vida acadêmica. Freire foi nomeado doutor Honoris Causa de 28 universidades em vários países, com obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Ele Morreu em 1997, de infarto.
Fonte: Com informações do ANDES-SN e Instituto Paulo Freire
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