A riqueza da cultura maranhense, demonstrada na música, na dança e no histórico de luta dos movimentos sociais da população local, marcou a abertura do 33º Congresso do ANDES-SN na manhã desta segunda-feira (10), realizada no Centro Pedagógico Paulo Freire, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Com o tema “ANDES-SN na defesa dos direitos dos trabalhadores: organização e integração nas lutas sociais”, a 33ª edição do Congresso reúne docentes – delegados, observadores e convidados – de todo o país, até o próximo sábado (15). Mais de 400 pessoas participaram da abertura.
O exemplo de luta e de resistência dos movimentos sociais e da população maranhense, que sofre nas mãos de governos antissociais, foi ressaltado nas falas dos representantes das entidades presentes. A importância da unidade na luta, a partir da integração das várias categorias de trabalhadores e do fortalecimento do ANDES-SN e da CSP-Conlutas, também foi destacada durante a abertura.
“Estamos iniciando o nosso Congresso com companheiros de todo o Brasil. Temos como tarefa central cumprir o papel de dar direção ao movimento docente para a luta de 2014, em uma conjuntura tão difícil e desafiadora. Esta não é primeira vez que estamos em São Luís, cidade que tem na sua história contrates e contradições, e lutas travadas pelos companheiros que representam os movimentos sociais do estado para se livrar dos tentáculos da oligarquia exploradora e opressora”, afirmou a presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira, na Plenária de Abertura.
Marinalva destacou ainda a responsabilidade do Congresso na definição das ações em defesa do projeto de educação pública, por melhores condições de trabalho, carreira e salário, na intensificação da atuação do Sindicato Nacional e no fortalecimento da CSP-Conlutas. “Temos a tarefa de apontar as estratégias para melhor posicionamento da classe trabalhadora, tanto na conquista de direitos como na acumulação de forças. Precisamos nos fortalecer e para isso a unidade é imprescindível”.
A presidente do ANDES-SN falou também sobre os desafios apontados pela conjuntura, com a realização das eleições e da copa do mundo em 2014, e com um governo que tem intensificado a retirada de direitos dos trabalhadores, priorizado a realização de megaeventos e criminalizado cada vez mais os movimentos sociais e sindicais. “Para enfrentar esses ataques temos que construir nosso plano de lutas de 2014, com significativo alcance para ampliar o poder da mobilização para avançar na história de classes. Devemos nos articular com todos os setores classistas, estudantes, movimentos sociais e principalmente no nosso campo de luta, com a CSP-Conlutas e todos os movimentos, com o objetivo de chegar a um novo patamar de sociedade”.
Marinalva lembrou que o 33º Congresso dará início ao processo de eleição para o biênio 2014-2016. “Este será o momento da renovação. Diante de todos os ataques, e diante do poder de mobilização e de luta que podemos ter, é fundamental a unidade de todos os setores que têm como princípio a defesa do nosso Sindicato. A nossa compreensão é que este momento de eleições exige pensar na conjuntura e, diante dela, precisamos ter um sindicato fortalecido, uma direção representativa da sua base e de todos os princípios que foram construídos durante esses anos”.
Ao dar boas vindas aos congressistas, o presidente da Apruma Seção Sindical, Antônio Gonçalves, relatou alguns dos problemas enfrentados pela comunidade acadêmica da UFMA. “Para nós realizar o congresso no Maranhão e dentro da UFMA tem grande significado político. O Maranhão é um estado de resistência da população negra, indígena, de trabalhadores e trabalhadoras e vive uma realidade perversa, dominado por uma oligarquia há quase meio século, antecedida por outras oligarquias, mas temos um povo que resiste. Na universidade enfrentamos o autoritarismo, a falta de democracia e a implementação de todas as políticas de governo, como o Reuni, a Ebserh e a adesão de 100% ao Sisu. Em 2007 eram 9 mil estudantes e hoje são 30 mil. São oito campi, com professores trabalhando em condições precarizadas”, exemplificou. E acrescentou: “desejamos que o Congresso possa construir uma pauta e o plano de lutas geral e dos setores que reflita o desejo da nossa base”.
Em sua saudação ao Congresso, o coordenador da CSP-Conlutas, Paulo Barela, ressaltou que a realização deste encontro em São Luís é uma situação emblemática. “Aqui observamos todo o descaso e as políticas aplicadas pelas oligarquias que existem em nosso país, como o assassinato de militantes e ativistas das causas sociais, o descaso com a saúde e com a educação e a miséria, que fica de frente para o palácio do governo”, disse.
Entre os desafios do 33º Congresso, Barela citou a construção da unidade da classe. A luta pela saúde e educação gratuitas, contra a Ebserh e para o fortalecimento da previdência pública do país com a derrubada do Funpresp, e o avanço na construção do Encontro Nacional de Educação, previsto para agosto deste ano, foram citados por pelo representante da Central como importantes tarefas a serem conduzidas pelos docentes e pelo Sindicato Nacional, articuladas com as demais entidades que representam a classe trabalhadora do país.
O coordenador da Fasubra, Gibran Jordão, destacou a importância da unidade das entidades do setor da educação, dos trabalhadores e dos servidores públicos federais para enfrentar o projeto que o governo vem tentando impor às instituições de ensino superior brasileiras. “Esta mesa representa uma unidade importante que queremos construir e que temos compreensão da necessidade de construir”, ressaltou.
O dirigente anunciou ainda que, em plenária realizada em Brasília no último fim de semana, a entidade deliberou pela deflagração da greve dos servidores técnicos administrativos para março. “A maioria da Fasubra apontou para a deflagração da greve em 17 de março com pauta específica, mas com disposição para construí-la conjuntamente com demais entidades do serviço público. Queremos construir uma greve com todas as entidades da educação. Estamos juntos nas lutas que vamos desenvolver neste ano”, afirmou.
Durante a Plenária de Abertura, também foi apresentada a última etapa da Campanha de Sindicalização do ANDES-SN pelo 1º vice-presidente do Sindicato Nacional, Luiz Henrique Schuch e realizado o lançamento 53ª edição da Revista Universidade e Sociedade, que tem como tema “Dimensões da luta: vozes da rua e as reflexões da universidade”. Os membros da Comissão da Verdade do ANDE-SN também fizeram uma apresentação sobre as atividades realizadas desde a sua implementação.
Também participaram da mesa de abertura o secretário-geral, Márcio Antônio de Oliveira, o tesoureiro do ANDES-SN, Fausto de Camargo, o 2º vice-presidente da Regional Nordeste 2 do ANDES-SN, Daniel de Oliveira Frauco, o representante do movimento Quilombo Urbano, Hertz Dias, o estudante Micael Carvalho, da Anel, o representante do movimento Moquibom, Santinho, o estudante Giovani Castro, do DCE da UFMA, e a representante da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, Marli Dias. Vinte e quatro entidades de movimentos sociais e sindicais também enviaram representantes e saudaram o 33º Congresso.
Cultura
Ao som dos tambores, a forma de expressão de matriz afro-brasileira, o Tambor de Crioula, que envolve dança circular, canto e percussão praticada por descendentes de escravos africanos no Maranhão, foi apresentado pelo grupo Surpresa, que abriu a 33ª edição do Congresso do Sindicato Nacional. Os docentes encerraram a Plenária de Abertura com a Internacional, hino da classe trabalhadora, cantado pelo grupo Quilombo Urbano, presente na solenidade.
Fonte: ANDES-SN |