Sue Anne Cursino
“Olá, estão ouvindo?”, “Caiu minha conexão”, “O microfone está desligado”, “Escrevam no chat!”. Frases como essas tornaram-se parte da rotina de professoras e professores e discentes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) que aderiram ao Ensino Remoto Emergencial (ERE), em setembro de 2020. As aulas presenciais estão suspensas desde o início do ano passado devido à pandemia da covid-19. Dificuldades de conexão virtual, falta de ambiente adequado e gastos de recursos próprios para compra de equipamentos são alguns dos problemas enfrentados pelas e pelos docentes, que tiveram suas casas transformadas em local de trabalho.
Estabelecida de maneira improvisada, essa realidade mudou completamente a rotina de professoras e professores da Ufam de Manaus e das unidades fora da sede (Parintins, Itacoatiara, Benjamin Constant, Coari e Humaitá). Esses municípios acumulam uma série de problemas de infraestrutura, fato que prejudica a qualidade do ensino/aprendizagem remoto na pandemia.
Tema recorrente na luta contra a precarização da educação, o ensino remoto é entendido pelo ANDES-SN como excludente, empobrecedor do processo educativo e facilitador de condições de trabalho inadequadas. “Uma modalidade que nos impõe vários processos de exclusão. Vários estudantes que não puderam cursar, que iniciaram e não concluíram, ou que sequer iniciaram. Uma modalidade que trouxe para dentro de nossas casas o nosso espaço de trabalho, que provocou adoecimentos, sobrecarga de trabalho. Não tem mais jornada de trabalho estabelecida porque todas as horas do dia se transformaram em horas de trabalho”, afirmou, em vídeo institucional, a presidente do Sindicato Nacional, Rivânia Moura.
A atual conjuntura pode ser lida como “um arremedo de Educação a Distância (EaD) chamada de Ensino Remoto”, como afirmou o ANDES-SN na cartilha “Projeto do Capital para a Educação: o ensino remoto e o desmonte do trabalho”. No material produzido pelo Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE), o Sindicato ressalta que a educação não deve ser reduzida às atividades de ensino e que a EaD precariza a atividade docente, não garante a universalidade de acesso e destitui a educação de seu sentido pleno. É o que se constata ao ouvir os relatos pessoais de docentes.
Em busca de conexões
Na Ufam, a atual realidade dos professores e professoras consiste em tentar conciliar a vida pessoal com a organização e execução do ERE, participação de reuniões, correção de atividades e condução de pesquisas, entre outras demandas do cotidiano docente. Vale ressaltar que essa rotina escancarou as desigualdades de acesso às tecnologias digitais da informação e comunicação como internet, computadores, telefones celulares e wi-fi.
Em 2019, por exemplo, o país tinha 39,8 milhões de pessoas sem conexão com a internet, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC), divulgada em junho de 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Vivendo pela primeira vez a experiência do trabalho remoto, o docente de Física do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Icet/Ufam) de Itacoatiara (a 270 quilômetros da capital), Sandro Simas de Jesus, confirma que uma das dificuldades que enfrenta é com a internet. “Estamos há três semanas que, nos horários de aula, não conseguimos conexão para iniciar uma aula extra, um atendimento, uma aula síncrona, um bate-papo, e os alunos também”. Segundo o professor, a internet ofertada no município é precária e instável.
A pesquisa “Trabalho Remoto em Tempos de Covid-19: Experiências e Desafios Observados na Ufam”, realizada em 2020, apurou que 54% das servidoras e servidores enfrentam problemas tecnológicos trabalhando em casa, como internet lenta. Das pessoas consultadas, 41% afirmaram que esse problema ocorre “frequentemente” e 13%, “sempre”.
Entre os entrevistados e entrevistadas deste estudo, 41,5% declararam, ainda, ter uma conexão com interrupções recorrentes. De autoria de Maria da Glória Guimarães, Gabriela Auzier dos Santos e Ana Flávia de Moraes, a pesquisa consultou 246 servidores e servidoras da instituição, sendo 60,8% docentes e 39,2% Técnicos(as)-administrativos(as) em Educação (TAEs).
Em Benjamin Constant (a 1.592 quilômetros de Manaus), a situação da conectividade não é diferente. O professor do curso de Língua e Literatura Espanhola do Instituto de Natureza e Cultura (INC/Ufam), Solano Guerreiro, conta que enfrenta problemas para acessar as plataformas virtuais de ensino como Google Classrom e Moodle. “Tenho computador e internet próprios, improviso um espaço em casa para o trabalho, mas em alguns momentos acesso a minha sala no INC para desenvolver certas atividades, porque a internet residencial é pior que a do instituto”.
Em 2019, o IBGE já apontava que 4,5% das pessoas em todo o país não acessam a internet porque o serviço não está disponível nos locais que frequentam. Essa realidade é mais aguda na Região Norte, onde 13,8% daqueles que não acessam a internet não têm acesso ao serviço nos locais que frequentam, um percentual muito alto se comparado à Região Sudeste, onde este índice é de 1,9%.
Na visão do docente de Artes Visuais do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ/Ufam), em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), Ericky Nakanome, essa realidade impõe o desafio de driblar muitas questões. “O ensino remoto no ambiente amazônico é extremamente segregador. Em Parintins, há um desnível financeiro de pessoas que não tinham recursos para assistir a aula, e para os que tinham recursos, a cidade não apresenta um condicionamento técnico para participar das aulas”.
Para tentar evitar o contágio pela covid-19 da mãe de 86 anos de idade e com comorbidades, a docente de Língua Portuguesa e Linguística do ICSEZ, Audirene Cordeiro, se isolou na comunidade de Juá, uma ilha de pescadores próxima à cidade de Santarém (PA). “Não tinha um escritório, trabalhava embaixo das palafitas das casas dos comunitários e, muitas vezes, tinha que pegar uma rabeta e atravessar para o outro lado porque eu não tinha energia elétrica”, contou. Após instalar um sistema de energia solar, os problemas eram outros: “sem o sol, eu não conseguia recarregar o computador e nem o celular”.
Saúde mental
O desgaste de ter que solucionar problemas estruturais para exercer suas atividades virtualmente e lidar com as particularidades pessoais tem adoecido as e os docentes. Assim como o professor Solano Guerreiro relata “sensação de impotência e ansiedade”, outras e outros alegam enfrentar dificuldades similares. No estudo realizado em 2020 com servidoras e servidores da Ufam, foram descritas experiências de ansiedade, irritação, dificuldade para dormir e distrações. Conforme a pesquisa, “no decorrer do trabalho remoto, ansiedade e irritação foram experienciadas por 85% das pessoas respondentes, sendo consideradas as frequências ‘poucas vezes’ (49%) e ‘sempre’ (36%)”.
“Eu fico muito estressado, angustiado, porque quero me conectar para dar atividades para os alunos, para conversar e não apenas enviar PDF. Quando não consigo por causa das limitações de serviço de internet, a frustação é grande”, desabafou o professor Sandro. A dificuldade de descansar é outra reclamação. “A rotina foi alterada, às vezes sinto que não tenho horário de descanso, só descanso quando estou dormindo e isso é bem cansativo”, disse a professora de Artes Visuais da Faculdade Artes (Faartes) da Ufam, Cláudia Carnevskis.
Com o isolamento em Juá, a professora Audirene ficou sem rede de apoio de cuidadores durante a pandemia e vive um misto de tristeza e alegria nos cuidados com a mãe idosa “Isso me causou uma desestabilidade emocional muito grande, não só por estar numa jornada tripla e quádrupla de trabalho, mas por não dominar todos os recursos tecnológicos, por ter que fazer um novo processo de letramento e dar conta de todas as novas tecnologias”, contou.
As coordenadoras da pesquisa que investigou o impacto do trabalho remoto na Ufam traçaram uma reflexão sobre essa realidade. “Suas vidas familiares tiveram de ser conciliadas com o trabalho. Para muitos, a vida pública e a privada nunca estiveram tão entrelaçadas. Famílias passaram a dividir em um mesmo ambiente as atividades de trabalho, escolares, domésticas e de lazer, por conseguinte, essas mudanças podem ocasionar a diminuição dos momentos dedicados ao ócio, ao descanso e reabilitação física e mental, causando alterações no sono”, afirmam as pesquisadoras.
Para a professora de Jornalismo do ICSEZ, Hellen Simas, foi preciso readequar a rotina de trabalho, considerando o trabalho remoto durante uma pandemia. “No início, impactava negativamente na minha vida pessoal e descanso, porque surgiam muitas reuniões sem agendamento. Eu olhava meu WhatsApp e via um link de reunião ou mensagens fora do horário de trabalho. Nessa fase, eu não conseguia gerenciar bem as atividades”, relatou. Posteriormente, Hellen conta que conseguiu adequar o trabalho remoto a sua carga horária. “Hoje consigo ter um equilíbrio entre vida pessoal, trabalho, lazer e descanso. Em relação a minha saúde, voltar ao trabalho, mesmo que virtual, me fez muito bem. Penso como uma forma de luta contra essa pandemia”.
Sobrecarga
Durante a pandemia, o cansaço associado ao aumento da carga de trabalho faz parte da realidade das e dos docentes como a do professor Solano Guerreiro, que atende as alunas e os alunos via WhatsApp em horários que anteriormente destinava para solucionar problemas domésticos. “Passo praticamente o dia todo, todos os dias, tirando dúvidas dos alunos, pois, como não conseguimos utilizar o Google Classrom e o Moodle, utilizamos o WhatsApp, que possibilita contato constante com os professores”, afirma.
Para Nakanome, conciliar trabalho remoto, pesquisa e paternidade é extremamente cansativo, principalmente em meio a uma pandemia, um período, segundo ele, desafiador e que desestrutura o coletivo. “Além da sobrecarga apresentada pela própria universidade, a pandemia nos desafia com outras questões. Na paternidade, por exemplo, é preciso acompanhar o seu filho durante as atividades, houve momentos em que eu tinha que dar atenção na aula remota do meu filho e dar atenção aos meus alunos”.
O distanciamento social imposto pela pandemia ocasionou o fechamento das escolas e impossibilitou a contratação de cuidadores(as), uma rede de suporte que garantia às e aos docentes executarem suas atividades com mais tranquilidade. “Quando as pessoas falam do home office, elas estão falando a partir de uma expectativa de que você vai ter alguém para te ajudar, seja um empregado doméstico, uma escola ou os avós, e aqui eu estou o tempo todo com as crianças, complica um pouco porque nem sempre a gente está totalmente disponível e as crianças nem sempre entendem: ‘como estou em casa e estou o tempo todo trabalhando?’”, comentou Carnevskis, acrescentando que hoje já não passa a madrugada trabalhando. “É ter a consciência de que não dá pra fazer tudo, tento ser a melhor mãe que eu posso, a melhor professora que eu posso”.
A professora de Língua Portuguesa e Língua Inglesa do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA/Ufam), em Humaitá (a 593 quilômetros da capital), Danielle Gonzaga de Brito, afirma que antes da pandemia tinha horários organizados para ensino, pesquisa e extensão, mas que, estando na condição de mulher e professora de uma unidade multicampi, o ERE modificou a sua relação com o trabalho. “Primeiro porque não consigo separar as atividades domésticas e as do trabalho, a relação com o espaço físico da casa impede essa divisão. Além disso, no município de Humaitá não temos energia elétrica e internet com funcionamento propriamente dito, como consequência as aulas síncronas são um verdadeiro fracasso, o que desestabiliza nosso emocional, principalmente, em relação aos relatos e pedidos de ajuda constantes por parte dos alunos e às tão sintomáticas desistências”.
Para a professora Audirene, a pandemia impôs uma jornada quádrupla a partir da interrupção dos serviços da trabalhadora doméstica que atuava na manutenção da casa. “Muitas vezes precisei carregar água porque no lugar que eu estava não tinha água encanada, vivi realmente um momento muito difícil de sobrecarga de trabalho, mas ainda assim consegui dar conta das minhas atividades de universidade, participar das reuniões, ministrar quatro disciplinas de modo remoto, participar de lives e dar conta de uma série de atividades acadêmicas, então sinto um cansaço extremo devido a esse excesso de trabalho”.
Do próprio bolso
Não foram poucos os docentes que precisam comprar equipamentos e materiais para conseguir lecionar remotamente. O professor Ericky foi um deles. “Essa estrutura teve que sair do meu orçamento, tanto internet, iluminação e tripé quanto a compra de livros digitais para facilitar o uso pelas plataformas, foi uma experiência delicada, humanamente falando, e tecnicamente cara”, disse.
Sandro também precisou gastar o próprio dinheiro para a adaptação ao ERE. Além de usar o computador pessoal, o docente contratou um plano de internet superior e comprou um telefone celular com mais recursos, fone de ouvido, mouse e uma mesa digitalizadora. “Em termos de hardware, a gente teve que gastar do próprio bolso para exercer a docência, tendo em vista que, no instituto, os horários de utilização propostos são limitados e não coincidem com os horários das disciplinas”.
Diante de tantas despesas, Sandro revela o desejo de ser ressarcido, mas que acredita que isso não irá ocorrer. “Muito desse nosso improviso representa a vontade da gente contribuir e ajudar nossos alunos e cumprir a tarefa, é importante que em algum momento seja dado aos professores um retorno financeiro, uma reposição em relação a esses gastos, que podem ser comprovados, não sei se isso vai ser feito, provavelmente não”, avalia.
Sala improvisada
A pesquisa “Trabalho Remoto em Tempos de Covid-19: Experiências e Desafios Observados na Ufam” apontou também que, para 64,6% das pessoas entrevistadas, o principal desafio é o espaço físico inadequado. Hellen conta que transformou um quarto de hóspedes em escritório. “O Programa de Pós-Graduação em Educação [PPGE/Ufam] do qual participo, me enviou um notebook, comprei fones com recursos do Programa Atividade Curricular de Extensão (Pace), em que fui vice-coordenadora, e comprei com recursos próprios móveis projetados para estante de livros, suporte para celular, tripé com lâmpada, antivírus e plano de internet”.
Outro docente que precisou adaptar a casa para ter um ambiente adequado foi Nakanome. “Tive que organizar um escritório com iluminação adequada e material próximo, tive que mexer na estrutura da casa no sentido de organizar para que a minha atividade de trabalho não afetasse a qualidade de vida da minha família, para que as crianças pudessem brincar e as outras pessoas fizessem suas atividades dentro da casa”, explicou.
Carnevskis também passou por situação semelhante. Durante a pandemia, a professora mudou de casa três vezes devido à docência remota e à rotina dos filhos, que passaram a ficar mais tempo em casa e a ter aulas on-line. “Hoje, tenho um espaço improvisado para trabalhar na sala e uma escrivaninha no quarto, onde me sinto mais à vontade para trabalhar, mas passei quase um ano dividindo o notebook com minha filha”.
Ensino prejudicado
Segundo o Painel “TIC Covi-19”, produzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), o celular tem sido o dispositivo mais usado para acompanhar atividades de ERE por estudantes com 16 anos ou mais, sobretudo nas classes D e E. “As edições do Painel ‘TIC Covid-19’ mostraram a intensificação do uso da internet no Brasil no período da pandemia, incluindo atividades de entretenimento, consumo, educação e trabalho, entre outras. A pesquisa também evidencia a persistência de desigualdades no acesso e na apropriação dessas tecnologias, principalmente entre parcelas mais vulneráveis da população. Os dados são úteis para subsidiar políticas públicas de enfrentamento à pandemia e orientar ações do setor privado e do terceiro setor”, explica o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa.
Nos relatos dos professores e das professoras da Ufam, é possível verificar que essa realidade se aplica também em parte aos alunos e alunas da Ufam, que utilizam dados móveis de internet para assistir aulas e o aplicativo WhatsApp para interação com os e a docentes. Isso ocorre porque muitos municípios amazonenses não possuem internet fibra ótica e nem a cabo, limitando o acesso à web por meio do telefone celular.
Ao avaliar o trabalho remoto, o professor Sandro pondera o reflexo no ensino. “Ao tempo que vejo a possibilidade e a necessidade de pensarmos nos pontos positivos referentes ao uso das tecnologias no processo de ensino e de aprendizagem por meio do ensino remoto, desenvolvendo a nossa prática pedagógica, vejo com grande preocupação essa modalidade adotada pelas instituições nas localidades com baixa conectividade e falta de estrutura por parte dos professores e dos alunos”.
O desgaste emocional e psicológico é também uma realidade entre os e as discentes que precisaram lidar com o ERE e a falta de infraestrutura para acompanhar as aulas, isso tudo em meio a uma pandemia. “Uma das demandas que mais me chamou atenção foi alunos que chegaram para conversar comigo sobre suicídio. A gravidade dessa situação do ensino remoto é gigante, uma experiência que precisa ser debatida para que outros formatos no futuro sejam repensados”, disse Nakanome.
Sobre o ERE, Hellen aponta como um dos pontos positivos a possibilidade de participação de docentes de outras cidades na discussão dos conteúdos. Em contrapartida, cita, como fator negativo, as dificuldades de acesso por causa da internet. “A maioria dos discentes tem participado das atividades remotas, mas com muita dificuldade por dependerem de internet de dados móveis. Vejo que a maioria tem interesse nas aulas, os alunos se esforçam para as atividades on-line, porém não têm acesso a uma internet de qualidade por não poderem pagar”.
Para superar as dificuldades, a professora Danielle tenta facilitar o acesso de alunas e alunos ao conteúdo gravando as aulas. “Mas essa prática exige muito mais tempo e disposição que o convencional. A sobrecarga é imensa, além dos atendimentos feitos aos alunos nos momentos em que estes conseguem acesso à internet, inviabilizando dessa maneira uma possível organização e padronização dos horários de atendimento. O resultado é uma sequência de trabalhos que misturam os afazeres domésticos com os afazeres da docência”.
Com a suspensão das aulas presenciais, muitos e muitas discentes retornaram para suas casas na zona rural de Parintins ou outras cidades com problemas estruturais ainda maiores. Foram citadas pelo professor Ericky situações como de discentes que precisaram ir à noite para praças com oferta de internet para estudar e outros que tiveram dificuldades em acompanhar as aulas remotas em municípios como Boa Vista do Ramos, Maués e Barreirinha.
Apesar de ver alguns pontos positivos na dinâmica de organização das aulas em plataformas digitais, como o não uso de papel e a sala virtual, Claudia Carnevskis pondera que o debate ainda não conseguiu ser bem desenvolvido nas aulas remotas e, portanto, avalia que o espaço dessa discussão é no ambiente presencial da universidade. “E na parte presencial, sinto que a gente vai deixar mais para as experiências, as experimentações e os debates, então aquela parte prática, dos grandes debates, das grandes discussões, considero que a gente não chegou no nível de conseguir fazer virtualmente, e sinto que a gente sente muita falta do presencial”, analisou.
As experiências dos e das docentes da Ufam comprovam os prejuízos causados pelo ERE, agravados principalmente pela falta de infraestrutura física e tecnológica ideal para a realização das aulas virtuais. Esta carência tem sido suprida com recursos financeiros próprios, sem subsídio algum do governo federal. Assim, essa série de dificuldades na execução do trabalho remoto associada ao acúmulo de tarefas profissionais e domésticas têm ainda adoecido a comunidade acadêmica. Tal soma de fatores só expõe a necessidade cada vez mais urgente da defesa de uma educação inclusiva e universal e condições dignas de trabalho a todas e todos.
Fotos: Acervos Pessoais
|