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Impasse prolonga greve de fome de estudantes na UFMA



O impasse nas negociações entre a reitoria e o movimento estudantil estende a greve de fome de três estudantes da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) para nove dias. Eles reivindicam a volta da destinação de um prédio novo, construído no Campus de Bacanga, na capital maranhense, para residência estudantil. O reitor Natalino Salgado Filho disse que o edifício, embora com características de residência, será a sede do Centro de Assistência Estudantil.

Na manhã desta quinta-feira (5), os estudantes realizaram a terceira paralisação, fechando as pistas da Avenida dos Portugueses e, entre 6 e 10 horas, obstruíram a Barragem do Bacanga, impedindo o tráfego de veículos nos dois sentidos. Nas paralisações anteriores, eles fizeram o mesmo: fecharam a barragem, principal entrada para o Bacanga, um dos maiores bairros de São Luís, no qual reside um terço da população da ilha e onde estão situadas grandes empresas nacionais, como a Vale e o porto. Também na manhã desta quinta, a reitoria divulgou nota de repúdio ao movimento grevista.

Reitoria


A Assessoria de Comunicação da UFMA informou à Imprensa do ANDES-SN que o reitor tem tentado negociar com o segmento estudantil e que, “em entrevista coletiva realizada na terça-feira (3), Salgado Filho propôs a assinatura de uma resolução que prevê a construção de nova residência estudantil na Cidade Universitária”. A resolução, conforme informações da Ascom da universidade, “foi discutida com integrantes dos Diretórios Central dos Estudantes (DCE) e dos Centros Acadêmicos (CA) e com representantes da Defensoria Pública, dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)”.

O prédio, ainda segundo informações da Ascom da reitoria, irá atender a um contingente amplo de estudantes da UFMA com serviços psicológicos, linguísticos, culturais, médicos, culturais e pedagógicos e que, o reitor, “com base nas políticas públicas de assistência estudantil propõem num programa mais amplo maior de acompanhamento integral do estudante”. Em nota divulgada no site da instituição, Salgado Filho afirma que está aberto a negociações.

Estudantes

O movimento estudantil, por sua vez, permanece em greve, mantendo uma média de 50 estudantes no acampamento montado em frente ao prédio novo, e alega que o reitor demorou anos para recebê-los e, quando o fez, “foi inflexível, nos recebe de forma autoritária e sempre se retira da reunião quando algo não está de acordo com os desejos dele; além disso, ele tem diálogo somente com os estudantes que o apoia”, afirma Clístenes Mendonça, do Coletivo Vamos à Luta e do curso de enfermagem.

O estudante informou que, nessa terça-feira (3), o movimento estudantil, liderado pelo DCE, apresentou denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) “com documentos comprobatórios de que houve claro desvio de finalidade na mudança de destinação do prédio em questão e que ele foi construído com dinheiro do governo federal destinado à residência estudantil”, assegura.

Mendonça afirma que esse prédio foi uma conquista do movimento estudantil, resultado de greves realizadas entre 2005 e 2007. E que, na época, houve uma conciliação com a Justiça Federal e assinado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o reitor anterior. “Isso ocorreu no momento da transição entre o reitor passado e o atual para a entrega da casa”, lembra. O estudante diz ainda que “em várias ocasiões o reitor havia declarado que não quer estudantes residindo dentro do campus e que a bolsa estudantil no valor de R$ 400, prometida por ele, é insuficiente e mal cobre o aluguel de um quarto no centro de São Luís”.

Docentes

O professor da UFMA e 1º vice-presidente da Regional Nordeste I do ANDES-SN, Antônio Gonçalves, também contesta o reitor e diz que “do mesmo jeito que a entrega do Hospital Universitário não foi discutida nos colegiados superiores, a mudança de destinação do prédio de moradia dos estudantes também não”. Ele afirma que “não adianta oferecer uma bolsa de R$ 400 se eles não têm onde morar”.

Gonçalves avalia que a resistência do reitor às reivindicações dos estudantes “faz parte de um projeto político do governo federal de não instalar residências estudantis dentro dos campi universitários e, em vez disso, a ideia é entregar a eles uma bolsa para que, com esse dinheiro, o estudante se vire para garantir sua permanência na universidade”. O 1º vice-presidente da Regional Nordeste I diz ainda que “o reitor transformou o Campus de Bacanga em Cidade Universitária, porém, ela ganhou o apelido de Cidade Fantasma porque não tem nenhum morador”.

Greve de fome

A mobilização e a greve de fome ocorrem desde o dia 26 de novembro e, segundo Mendonça, juntamente com eles, há um revezamento de cerca de 50 estudantes em frente ao prédio, no qual Rômulo Ricardo, estudante do terceiro semestre de ciência da computação, está acorrentado e em greve de fome.

Outros dois estudantes também estão em greve de fome, porém, internados no Hospital Universitário. O primeiro, cujo nome é Josemiro Oliveira, iniciou a greve em novembro e está internado no HU. Filho de lavrador do interior do Maranhão, ele está no sexto semestre de ciências sociais. O segundo, Daniel Fernandes, é de Minas Gerais e cursa turismo. Os três aguardam um sinal do movimento para suspender a greve.

* Foto: Maranhão da gente


Fonte:
ANDES-SN



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