Com risco de terceira onda de contágio de coronavírus e apenas 17% da população imunizada no país, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, defendeu, na terça-feira (20), a volta imediata das aulas presenciais. O posicionamento de Ribeiro segue a receita negacionista do governo de Jair Bolsonaro.
“Segundo um estudo recente realizado na cidade de Maragogi (AL) por pesquisadores da USP, FGV e UERJ, o risco de contaminação nas escolas poderia aumentar em 178% com o retorno presencial, mesmo se os trabalhadores da educação estivessem completamente imunizados”, alerta a diretora da Apeoesp e professora da rede estadual em São Paulo, Flávia Bischain. A docente completou que a aglomeração faz parte da vida escolar e, com os sucessivos cortes, as escolas públicas não têm estrutura nem para manter os protocolos, além de serem ambientes fechados e mal ventilados.
A experiência com o retorno limitado no país indica que a volta do ensino sem restrições traria impacto não somente a comunidade escolar, mas a uma grande parcela da população. Segundo o último Censo Escolar, alunos e professores somam mais de 40 milhões de pessoas, que estarão circulando e expondo-se aos riscos do contágio pelo vírus. Um estudo feito pela Fiocruz afirmou que mais de 9 milhões de pessoas com problemas crônicos de saúde seriam afetadas pela volta à normalidade nas salas de aula.
Sem acesso
Ribeiro alega preocupação com as consequências à aprendizagem, mas a realidade é que o governo deixou 4 milhões de alunos e alunas sem acesso ao ensino remoto no período da pandemia. Além disso, Bolsonaro vetou o projeto de lei que garantia internet a uma parcela de estudantes e docentes da rede pública.
“Agora que o veto foi derrubado, ele está entrando na justiça pra não pagar! Ou seja, o Ministro, o presidente e os governadores que querem impor o retorno presencial nas atuais condições, não se preocupam nem com a educação, nem com a vida dos estudantes, trabalhadores da educação e seus familiares”, afirma a diretora da Apeoesp.
Fonte: CSP-Conlutas
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