Em mais um ataque à educação brasileira, o presidente Jair Bolsonaro nomeou, no dia 12 de julho, a segunda colocada à reitoria da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Após o processo de consulta interna, a professora Janae Gonçalves foi indicada como a primeira da lista tríplice, com 2.211 votos, enquanto a professora Herdjania Lima, que foi nomeada, recebeu apenas 1.580 votos.
Essas intervenções rompem com a tradição de nomeação do primeiro indicado na lista tríplice nas consultas à reitoria nas IES, prática que foi adotada durante 13 anos (2003 a 2016). Desde que Bolsonaro assumiu a presidência em 2018, foram, pelo menos, 25 intervenções nas Instituições de Ensino Superior (IES).
Em agosto de 2019, por exemplo, o professor Janir Alves Soares foi nomeado reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), com apenas 5,2% dos votos válidos. Em 26 de maio de 2021, entidades representativas da comunidade acadêmica emitiram nota em repúdio à atitude da reitoria em reunião do Conselho Universitário da UFVJM, denunciando que o reitor apresenta postura autoritária.
Bolsonaro voltou a intervir nas Ifes em 16 setembro de 2020, quando nomeou como reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o professor Carlos André Bulhões Mendes, que havia ficado em terceiro lugar na consulta acadêmica. Em prática intransigente condizente com a gestão Bolsonaro, Bulhões desligou, em junho deste ano, mais de 190 cotitas que aguardavam análise de matrícula.
“As proposições da reitoria não são discutidas nos espaços devidos da universidade e, quando questionada, em vez de abrir diálogo, a reitoria tem reagido de forma autoritária e misógina, com ameaças de processos administrativos, postura bem característica do bolsonarismo”, afirma a Associação dos Docentes da UFVJM (ADUFVJM - Seção Sindical do ANDES-SN).
Solidariedade e luta
A diretoria do ANDES-SN publicou nota de repúdio contra a ação do governo Bolsonaro e em solidariedade à UFRA. “O ataque à autonomia universitária por meio do desrespeito ao resultado das consultas para escolha de reitores(as) tem sido uma prática corriqueira do governo Bolsonaro, que é nitidamente inimigo da democracia. Essa escalada autoritária está alicerçada em um projeto negacionista e de ataque ao caráter público e gratuito da educação”, afirma trecho do documento.
O Sindicato Nacional mantém a defesa de que a escolha de reitores ou reitoras pela comunidade acadêmica seja respeitada, mobilizando-se em defesa das IES. “Seguiremos dizendo não às intervenções por meio de mobilizações em cada IES atacada e de forma articulada em ações nacionais e internacionais”.
Fontes: com informações do ANDES-SN, Apufsc, Adurn e G1.
Foto: Assusfrgs/ divulgação
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