De acordo com reportagem publicada no jornal O Povo, mais de 45 mil estudantes, 2 mil professores, além dos técnicos-administrativos, estão em greve nos campi da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Universidade Regional do Cariri (Urca) e Universidade do Vale do Acaraú (UVA), que aderiu à paralisação na última quinta-feira (7). A pauta conjunta de reivindicações e as demandas específicas de cada instituição resultou na deflagração da greve geral, iniciada em setembro no campus de Itapipoca da Uece.
Os docentes reivindicam a realização de concurso para professores efetivos, a regulamentação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), a equiparação dos salários de professores efetivos e substitutos, investimento na infraestrutura, concurso para servidores administrativos e assistência estudantil no interior. Segundo a reportagem do O Povo, o déficit de docentes efetivos nas três universidades chega a 800. Na Uece, de acordo com o professor Célio Coutinho, do Comando de Greve, o déficit seria de 295 docentes na instituição e 322 na Urca. Já o Sindiuva, Seção Sindical do ANDES-SN, afirmou ao jornal que a carência é de 185 professores efetivos.
Segundo a reportagem, Coutinho ressaltou que a produção de conhecimento tem prejuízos com a situação dos professores substitutos, que possuem sobrecarga de trabalho, vínculo mais frágil e pouco tempo para a realização de projetos mais duradouros, como pesquisa e extensão.
De acordo com O Povo, a presidente do Sindiuva, Silvia Helena de Lima, afirmou que, além das pautas gerais, a instituição sofre com a falta de uma sede própria, assim como de democracia dentro dos processos institucionais. Segundo ela, o viés de privatização dos institutos ligados à instituição, que taxam matrículas e cursos em diversos municípios cearenses e fora do Estado também preocupa, uma vez que não se sabe a aplicação desses recursos. A questão da assistência estudantil, com a ausência de equipamentos como residência e restaurante universitário, também impacta a UVA, pois muitos alunos são de outras cidades.
O presidente do Sindiurca, Seção Sindical do ANDES-SN, Thiago Chagas, afirmou ao jornal que os professores entenderam que as possibilidades de negociação com o governo do Estado foram esgotadas e, por isso, a necessidade da paralisação. Assim como a Uece, Thiago ressalta que nunca houve concurso para os servidores administrativos da Urca, que conta com muitos terceirizados. “Essa é uma luta de defesa da universidade pública, queremos o funcionamento pleno da universidade”, afirmou à reportagem. Thiago explicou que a perspectiva é de fortalecer e sustentar a greve, uma vez que não existe abertura para negociar.
Sinduece convoca assembleia nesta terça-feira (12)
Para a manhã desta terça-feira (12), o Sinduece, Seção Sindical do ANDES-SN, convoca assembleia com as seguintes pautas: avaliação da marcha ao palácio do governo, encaminhamentos da greve e informes.
O Sinduece afirma, na sua página na internet, que desde 2011 há tentativas de diálogo efetivo com o governo. “De lá para cá houve apenas a realização de um concurso para professor, sendo um total de 76 vagas, num quadro de demanda superior a 350 professores. A greve, que ontem (7) teve adesão da UVA, foi o último recurso, depois de vários pedidos de audiência, de realização de manifestações, de paralisações parciais, todas cobrando negociação com o governo”, afirmou a Seção Sindical do ANDES-SN, na última sexta-feira (8).
O Sinduece ainda manifestou repúdio à ação violenta praticada pelo batalhão de choque da Polícia Militar e “qualquer forma de repressão ou cerceamento do direito de livre manifestação que vem sendo praticado sistemática e impunemente pelo governo Cid Gomes. A essa violência, vamos responder com mais organização, criatividade e disposição na busca por negociação que possa resultar em atendimento das reivindicações dos três seguimentos das universidades estaduais cearenses”, acrescentou.
Fonte: ANDES-SN |