Agendado como última pauta da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) de quarta-feira (30), o julgamento sobre o futuro das terras indígenas no Brasil foi transferido para agosto. O adiamento é preocupante porque pode aumentar as chances da aprovação da tese do Marco Temporal em função do alinhamento do governo federal com interesses da bancada ruralista.
Apesar da frustação pelo adiamento, integrantes do Acampamento Levante pela Terra (ALT) afirmam que a mobilização se manterá e irão buscar fortalecimento para combater o Marco Temporal, principalmente em agosto, mês marcado pelo reconhecimento internacional dos povos indígenas.
“Infelizmente não foi votada a repercussão geral, mas vamos continuar na luta, como sempre, pela demarcação das nossas terras e em defesa do meio ambiente.”, alertou a liderança do povo Xokleng, Brasílio Priprá.
Nas últimas semanas, cerca de 800 indígenas estão mobilizados em Brasília (DF) e em diversos estados brasileiros contra o pacote da maldade do governo Bolsonaro contra os povos originários.
“Temos que continuar na resistência. É necessário que a gente continue na mesma pegada, na mesma luta. Agosto tem que ser o mês da luta!”, afirmou o coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e um dos organizadores do ALT , Kretã Kaingang.
Amazonas
Em apoio à luta, um grupo de indígenas também protestou, nesta quarta, em frente à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), em Manaus, contra o Projeto de Lei (PL) 490, que restringe a demarcação de terras indígenas, e contra o Marco Temporal. Parte do grupo foi autorizada a entrar na Assembleia e quatro indígenas discursaram no plenário dando ênfase ao repúdio ao PL 490 e em defesa de indígenas.
A integrante da Associação das mulheres indígenas Satere Mawé e do Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas, Samela Awiá, foi uma das indigenas a discursas no plenário. “Aqui houve várias palavras onde as pessoas citam os povos indígenas como povos do passado, como povos que são memórias ancestrais, parece que vocês não enxergam que nós estamos todos aqui, nós não somos ancestrais, tem indígenas aqui, Sateré Mawé, tem Mura, tem Kokama, tem Tikuna, tem Witoto, são mais de 68 povos indígenas, são muitos povos indígenas que tem no Amazonas. E no Brasil todos nós somos 305 povos, nós falamos mais de 274 línguas. E agora quando nós vamos entrar aqui vocês dão direito de voz somente pra quatro indígenas, mas abrem o tempo para vários parlamentares que estão aqui na Casa. Vocês deixam somente uma parente descer. Sendo que cada povo tem sua representatividade, cada povo tem sua cultura, cada povo tem sua língua, sua identidade”, criticou finalizando com um “Fora Bolsonaro” e empunhando um cartaz escrito “Vidas indígenas importam”.
Fontes: com informações da Apib e Brasil de Fato
Foto: Apib
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