A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua) realiza Assembleia Geral na próxima quinta-feira, 18, às 9h, no auditório da Adua. Os pontos principais de discussão serão a avaliação da negociação entre o sindicato docente e governo, notadamente a partir da reunião do dia 15, e a decisão sobre a possível construção de uma greve dos professores.
Na Assembleia Geral anterior, que aconteceu na última sexta-feira, 12, foi aprovado o indicativo de greve docente na Ufam para o dia 23 de agosto e a criação de um comando local de mobilização para fortalecer o movimento docente da instituição. Essa decisão é reflexo da avaliação preliminar dos docentes à contraproposta do governo, tida como insatisfatória.
Interesses conflitantes
A primeira contraproposta do governo compreendeu basicamente a incorporação da Gratificação Específica do Magistério Superior (Gemas) ao vencimento básico (VB) e a disposição de tratar a correção das distorções no enquadramento dos docentes. Porém, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) decidiu, em conjunto com suas seções sindicais, rejeitar essa contraproposta, considerada pouco abrangente. No último congresso do Andes-SN, a proposta dos professores previa que o Plano de Carreira Docente deve incorporar ao VB também a Retribuição por Titulação (RT), de forma a garantir remuneração integral e uniforme do trabalho prestado pelo professor no mesmo nível da carreira, regime e titulação.
Na reunião entre representantes do sindicato nacional docente e o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento (MP), Duvanier Paiva, ocorrida na segunda-feira, 15, as negociações não obtiveram avanços significativos. O secretário, que informou não ter tido tempo de avaliar a contraproposta emergencial do Andes-SN, reconheceu a necessidade de reestruturação da carreira docente, mas previu sérias limitações graças ao panorama da crise financeira internacional.
Segundo informações do Andes-SN, diante do debate na mesa sobre a possibilidade de troca da incorporação da Gemas e Gedbt por outro benefício, a presidente do ANDES-SN, professora Marina Barbosa, foi enfática ao afirmar que a entidade não está disposta a rifar a incorporação das gratificações, uma reivindicação histórica do movimento. Ela questionou se o governo seria capaz de apresentar uma proposta que mantenha a incorporação das gratificações e traga um ganho real para toda a categoria, corrigindo as distorções. Uma nova reunião entre MP e docentes foi marcada para esta terça-feira, às 20 horas.
Mobilização em andamento
A Adua acompanha o movimento nacional que aponta para uma possível construção da greve docente. No último sábado, 13, o presidente da associação, professor Antonio Neto, e o professor José Alcimar de Oliveira, membro da diretoria da Adua, participaram da reunião do Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), que aconteceu em Brasília. Na ocasião, as seções sindicais deram informes sobre as assembleias locais e expuseram suas avaliações da contraproposta do governo. “Concluímos que houve um avanço positivo na proposta governamental, mas que ela ainda é insuficiente diante da pauta de reivindicações docentes”, explicou o presidente da Adua. Durante essa reunião também ficou decidido o indicativo de greve e a preparação da diretoria do Andes-SN para a nova rodada de negociações entre o sindicato e o governo.
Na unidade da Ufam em Parintins, a sexta-feira, 12, também foi marcada pelo clima de descontentamento com o governo. Nesse dia, técnicos e professores da instituição decidiram paralisar as atividades para chamar a atenção da sociedade quanto às decisões equivocadas do governo no trato das negociações tanto com os professores quanto com os servidores, que estão em greve desde o início de junho. Estes últimos também criticaram a liminar do ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Arnaldo Esteves Lima, que determinou a permanência nos serviços essenciais de 50% dos técnicos administrativos em educação que já estão em greve.
Em todo o país acontecem situações semelhantes a de Parintins. Na Universidade Federal de Campina Grande, (UFCG), os professores decidiram pela paralisação das atividades nos dias 23 e 24 de agosto. Na Universidade Federal Fluminense (UFF), a paralisação docente também ocorre no dia 24. Na tarde desta terça, 16, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidirá se entra ou não em greve docente, com a paralisação programada para o dia 19. O indicativo de greve nacional será definido a partir das rodadas de assembleias gerais ainda em andamento.
Leia aqui a circular que relata a reunião entre Andes-SN e governo no dia 15 de agosto
Fonte: Adua, com informações do Andes-SN |