As universidades públicas brasileiras, por meio da rede de hospitais universitários, atenderam mais de 85 milhões de pessoas em 2020 nas várias frentes de apoio e enfrentamento à Covid-19. A média foi de 147 mil pessoas beneficiadas por mês, em cada instituição.
Os dados, divulgados na segunda-feira (31), são da pesquisa inédita “Conhecimento e cidadania: ações de enfrentamento da covid-19”, coordenada pelo Colégio de Gestores de Comunicação das Universidades Federais (Cogecom), da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). O levantamento teve participação de 48 das 69 instituições (o equivalente a 70% do total) que compõem a rede federal de ensino superior.
Conforme a pesquisa, a rede federal de hospitais universitários, formada por 50 hospitais vinculados às 35 universidades, disponibilizou, desde o início da pandemia, mais de dois mil leitos para pacientes com Covid-19. Desse total, cerca de 1.300 leitos são de enfermaria e em torno de 700 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
“Nós temos falado muito, desde o início da pandemia, que as universidades federais não pararam. Mas esse levantamento mostra isso em números, mostra concretamente o que a gente fez, apesar da pandemia e da suspensão das atividades presenciais. O levantamento mostra também o que é a universidade, o que ela faz e qual é a produção que atende grande parte da população. Mostra que a atividade que a universidade realiza não é só para seu público interno, mas uma atividade que se expande para a sociedade como um todo”, afirmou a reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Joana Angélica Guimarães (UFSB). A docente ressaltou que os cortes não ocorreram apenas neste ano, mas somam-se às restrições orçamentárias de anos anteriores o que impacta as atividades das instituições.
O estudo revelou, ainda, a realização de 73.825 projetos de pesquisa (sendo pouco mais de 2 mil exclusivamente sobre a covid) e 29.451 de extensão, e de mais de 670 mil testes de Covid-19, além da produção de mais de 691 mil litros de álcool 70%, 515 mil escudos faciais (face shields), 651 mil máscaras, somente em 2020. Mesmo com as restrições da pandemia, as instituições também formaram mais de 50 mil estudantes e centenas de novos mestres e doutores concluíram os cursos de pós-graduação.
O levantamento revela que as universidades federais não pararam as atividades e ainda redobraram esforços durante a pandemia. “Recebemos esses números com alegria, mas não com surpresa, porque nunca esperamos nada diferente das nossas instituições, mesmo diante da maior crise sanitária da história, as universidades federais honraram o compromisso com a ciência e com os brasileiros”, afirmou o presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira.
Cortes orçamentários
Apesar desse desempenho, o funcionamento das universidades está ameaçado devido a mais cortes nos orçamentos. Os recursos destinados às instituições federais de ensino públicas para o ano de 2021 é 18,16% menor em relação ao ano passado. Esses recursos correspondem à verba discricionária, ou seja, aquela destinada a custear o pagamento de despesas como água, luz e limpeza, e manutenção da infraestrutura.
Após a sanção do Orçamento de 2021, o governo Bolsonaro anunciou o contingenciamento de R$ 9,2 bilhões e o veto de R$ 19,8 bilhões em gastos. Com isso, o Ministério da Educação (MEC) teve cerca de R$ 3,5 bilhões cortados: R$ 2,73 bilhões bloqueados temporariamente e R$ 1,2 bilhão vetados. Na ocasião, quase a totalidade dos cortes referia-se a verbas para o ensino superior, com a alegação de que as universidades não estavam funcionando presencialmente durante a pandemia de covid-19. No dia 14 de maio, o Ministério da Economia anunciou a liberação de R$ 2,61 bilhões para essas instituições de ensino.
“Essa apresentação é muito oportuna num momento em que nós lutamos pela recomposição do orçamento das universidades públicas brasileiras. É do conhecimento de todos o grau de dificuldades que estamos enfrentando com esse cenário”, afirmou o reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Paulo Afonso Burmann.
Fotos: Governo Federal, Unimontes/Divulgação, Marcos Solivan/UFPR e UFS/Divulgação
Fonte: Andifes, Ufes e portal O Documento
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