Em ataque contra o povo pobre, o Governo de Sergipe ordenou uma ação truculenta contra a ocupação João Mulungu, em Aracaju (SE), no domingo (23). A reintegração violenta da Polícia Militar (PM) resultou na expulsão de 200 famílias de um prédio na Avenida Ivo do Prado, no centro da capital, que ocupavam desde novembro de 2020. Conforme a PM, a ação foi determinada pelo juiz Isaac Costa Soares de Lima, da 9ª Vara Cível de Aracaju.
“Esse prédio está há mais de seis anos abandonado, com R$ 12 milhões de dívida ao nosso estado, e quando a gente resolve dar uma função social, sofremos em seis meses duas reintegrações de posse. Uma foi derrubada. Esse mandado do nada acontece num final de semana, antes das 6h da manhã. Isso é ilegal. O próprio Ministério Público deferiu que é proibido fazer despejo”, disse em entrevista ao G1 o coordenador estadual do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Thiago Bezerra.
A ação resultou ainda na prisão de sete militantes, sendo quatro estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS), além da destruição da biblioteca comunitária e quebra dos pertences do(a)s moradore(a)s. Em nota, o ANDES-SN manifestou total repúdio ao despejo das famílias e à prisão ilegal do(a)s militantes e solicitou às autoridades a imediata negociação com as famílias do movimento João Mulungu.
Leia a nota do Sindicato Nacional na íntegra:
NOTA DA DIRETORIA NACIONAL DO ANDES-SN DE SOLIDARIEDADE AO MOVIMENTO DE LUTA POR MORADIA JOÃO MULUNGU, DE ARACAJU (SE), E ÀS 200 FAMÍLIAS QUE FORAM EXPULSAS DE FORMA VIOLENTA E LIDERANÇAS PRESAS PELA PM
Em plena pandemia, o juiz Isaac Costa Soares de Lima decidiu que prevalecesse o interesse privado da Cosil, construtora que abandonou o prédio transformado em moradia para mais de 200 famílias em Aracaju, no estado de Sergipe.
Apesar da coordenação do movimento João Mulungu ter procurado a Prefeitura Municipal de Aracaju diversas vezes em busca de uma solução, a resposta foi a invasão da Polícia Militar no prédio, localizado na região central da capital, na madrugada do domingo, 23.05, proibindo até mesmo o acesso do advogado do movimento.
Além disso, conforme noticiado pela imprensa, a própria vice-governadora, Eliane Aquino (PT) desconhecia os motivos da ação de despejo e os oficiais de justiça que ordenaram a ação de reintegração de posse e expulsão das famílias não se identificaram, o que resulta num grave crime administrativo e que coloca em dúvida a transparência da ação judicial.
Essa ação despejou 200 famílias que ocupavam o prédio, prendeu 7 (sete) militantes, sendo 4 (quatro) estudantes da UFS (Universidade Federal de Sergipe), além de destruir a biblioteca comunitária e quebrar os pertences do(a)s moradore(a)s. Após ampla mobilização dos movimentos sociais e apoio jurídico da OAB, houve o relaxamento da prisão do(a)s militantes.
A diretoria do ANDES-SN manifesta total repúdio ao despejo das famílias e à prisão ilegal do(a)s militantes e solicita às autoridades a imediata negociação com as famílias do movimento João Mulungu.
Lutar não é crime!
Por reforma urbana e desapropriação dos imóveis para uso social!
Fora Bolsonaro e Mourão!
Vacina para todo(a)s já!
Brasília (DF), 27 de maio de 2021
Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional
Fontes: ADUFS, G1 e ANDES-SN
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