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  26/05/2021


CPI da Pandemia: Frente irá protocolar pedido de investigação sobre contágio e mortes de indígenas



A Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) – da qual a ADUA faz parte – irá protocolar uma petição na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, no Senado Federal, em Brasília (DF). No documento de oito páginas, a Frente solicita aos senadores a investigação da responsabilidade do governo federal, por ação ou omissão, da disseminação da Covid-19 entre os indígenas e do elevado número de mortes pela doença entre esses povos. A entrega da petição está prevista para ocorrer nesta quarta-feira (26). 

 

Conforme levantamento da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), divulgado no último dia 18, foram registrados 38.566 infecções, 557 casos suspeitos e 932 mortes de indígenas pela Covid-19 na região amazônica. Dos óbitos, 316 ou 1/3 do total ocorreram no Amazonas.

 

A petição lista seis casos que foram reunidos a partir dos relatos feitos durante o encontro “Violações dos direitos indígenas e genocídio no Amazonas”, ocorrido nos dias 29 e 30 de abril deste ano. As informações complementares foram repassadas pelas entidades que compõem a Frente.

 

Entre os casos citados na petição entregue à CPI está o dos Yanomami. No documento, a FAMDDI solicita a investigação da morte e do adoecimento por Covid-19 desse povo indígena, da distribuição de cloroquina e das invasões sistemáticas de garimpeiros nas Terras Indígenas (TIs).

 

O governo Bolsonaro estimulou reiterada e publicamente o uso de cloroquina e outros medicamentos como “tratamento precoce” contra o coronavírus, mesmo que uma série de pesquisas científicas descartem a eficácia.  

 

Entre agosto e outubro de 2020, os casos de Covid entre os Yanomamis saltaram de 335 para 1.202 e, até aquele período, tinham sido registradas 23 mortes pela doença. Esses dados são do Relatório Xawara: rastros da Covid-19 na Terra Indígena Yanomami (TIY) e a omissão do Estado, elaborado pela Rede Pró-Yanomami e Ye'kwana e pelo Fórum de Lideranças da TIY.

 

Um dos graves episódios registrados foi a ida de uma comitiva interministerial, nos dias 29 de junho e 1º de julho de 2020, que expôs ainda mais em risco a vida dos Yanomami. Realizada sem consulta prévia às lideranças indígenas, a “visita” foi feita pelo então ministro da Defesa general, Fernando Azevedo e Silva, o coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), coronel da reserva Robson Santos Silva, e cerca de 20 jornalistas. Na bagagem, a comitiva levou ainda cloroquina para distribuir às equipes de saúde e para o Distrito Sanitário Especial Indígena (Disei).

 

Na petição, a FAMDDI solicita ainda a investigação de casos relacionados ao povo indígena Juma e à morte de Aruká, último ancião; aos indígenas autonomias (livres ou isolados), principalmente na região do Vale do Javari; e ao negacionismo de missionários que provocam recusa de indígenas à vacinação. Também são citados no documento o pedido de investigação da exclusão e descaso do governo com indígenas que vivem em áreas urbanas ou não demarcadas e da morte em série dos indígenas KoKama.

 

Leia o documento na íntegra aqui

 

Foto: Adriano Machado/Reprodução

 

Fonte: ADUA com informações da FAMDDI



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