No mês de junho, quando as manifestações populares incendiaram as ruas de São Paulo, o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) estavam em Paris, juntamente com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), para buscar apoio à candidatura do estado para ser sede da Expo 2020. Considerado o 3º maior megaevento do mundo, caso São Paulo seja escolhido, estima-se que a obra custará em torno de R$ 6,5 bilhões e causará a remoção de milhares de pessoas. Por esses e outros motivos, o Comitê de ‘Boas Vindas’ à Expo 2020 prepara três dias de protestos.
O primeiro, nesta quinta-feira (19), será às 17h na Praça do Ciclista, na avenida Paulista. Na sexta-feira (20), o ato se concentrará às 6h no terminal Pirituba, local especulado para ser sede do megaevento. Já no sábado (21), haverá uma exibição de filmes pela cidade de São Paulo.
Os atos ocorrem justamente nos dias em que a comitiva intergovernamental composta por 163 países, a Bureau Internacional de Exposições (BIE), que estabelece o regulamento e seleciona as cidades-sede, visitará São Paulo.
Haddad chegou a afirmar que o megaevento é o mais importante do mundo, comparando com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. “Seria um coroamento desse processo em que o Brasil se projetou internacionalmente sediando grandes eventos”, disse.
Remoção e especulação
O projeto prevê a realização da Expo em Pirituba (SP) e tem em seu cerne a construção do “Piritubão”, um Centro de Convenções quatro vezes maior que o Anhembi. Trata-se de um parque integrado a um complexo de 11 pavilhões, shopping centers, uma torre arranha-céu e mais de 15 mil vagas de estacionamento em um terreno de 5,5 milhões de m².
A obra deve vir acompanhada da construção de inúmeros hotéis e da expansão da futura Linha 6-Laranja do metrô para a região. Antes da Expo, planejava-se construir no local do Piritubão um estádio para a Copa do Mundo.
“Realizar a Expo significa remover as favelas remanescentes na região e expulsar boa parte da população local com a pressão do aumento nos preços do IPTU e alugueis”, diz o Comitê, em nota.
O anúncio da cidade escolhida acontecerá só em novembro. Até lá, o BIE realizará visitas às cidades concorrentes: São Paulo, Ayutahha (Tailândia), Dubai (Emirados Árabes), Ekaterimburg (Rússia) e Izmir (Turquia).
“De um lado, então, a Expo deve ser criticada por representar um imenso investimento de dinheiro público em um megaevento cuja importância é irrelevante se comparado às graves deficiências em serviços básicos como saúde, educação, transporte e moradia. De outro, porque sua realização envolve toda uma reorganização da cidade à serviço do capital, desorganizando e prejudicando a vida dos trabalhadores”, critica o Comitê.
A menos de um mês da escolha do cidade-sede do evento, a prefeitura de São Paulo ainda não sabe de onde virá o dinheiro para organizar a recepção dos representantes de mais de 160 países, que pode chegar a custar de R$1 a 5 milhões.
Fonte: Brasil de Fato |