Manaus - Chegaram a Manaus, na noite do último domingo (15), 64 profissionais com diploma internacional que irão atuar no Estado pelo Programa Mais Médicos.
O grupo completa o contingente de 76 médicos de diversas nacionalidades, onde 61 são cubanos e 15 de países como Espanha, Portugal, Bolívia, Peru, República Dominicana, México e, inclusive, Brasil.
O médico português Lázaro Freire, que irá atuar em Manaus, conta que se inscreveu no programa motivado pela possibilidade de prestar atendimento a populações desatendidas. “Tenho colegas em Portugal que falavam muito sobre esta situação no Amazonas, onde não tinha atendimento porque ninguém queria vir para cá e isso me motivou. Saber que posso fazer a diferença, é isso que nos faz vivos”, conta o médico, que tem entre suas especializações a cirurgia plástica.
A médica cubana Adela Fernandez, que irá atuar em Beruri, afirma que há muita expectativa entre os médicos do País e que não compreende a reação de alguns profissionais brasileiros em relação ao tema. “Não é preciso ter resistência, pois estamos aqui só para ajudar. Para trabalhar juntos, cotovelos com cotovelos com os médicos brasileiros”.
A médica brasileira nascida em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e formada em Cuba, Teresa Marcelino, observa que o Saúde da Família, onde irão atuar os médicos do programa, funciona de maneira bastante similar ao sistema de saúde de Cuba e que, por isso, acredita que os profissionais com formação no País poderão ser de grande ajuda às equipes de saúde do programa. “Pelo o que vimos nos cursos até agora, o que faremos aqui é bem parecido com o que fazíamos em Cuba, vamos atuar junto à população que mais precisa, acompanhando de perto essas pessoas”. Teresa irá trabalhar em Parintins.
Os profissionais passarão por um curso de atualização na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), que irá até o dia 27, onde serão abordados o perfil epidemiológico do Amazonas, peculiaridades da saúde indígena, controle de grandes endemias, com foco em dengue, malária, tuberculose e hanseníase, doenças e agravos de relevância no Estado, cujo foco será em hepatites, febre amarela, leptospirose, doenças diarreicas agudas, acidentes por animais peçonhentos, entre outros temas.
O secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, acredita que os médicos estrangeiros não terão problemas em se adaptar as enfermidades e tipos de tratamento comuns na região. “A formação médica é uma só. Eles terão as mesmas dificuldades que um médico vindo do Sul, por exemplo. Mas é apenas uma questão de se familiarizar com as ocorrências epidemiológicas que antes eles só haviam visto na teoria”, disse.
De acordo com o secretário, a expectativa pela chegada dos médicos entre os moradores do interior do Estado é muito grande. “O que se vê no interior é que está todo mundo ansioso pela chegada destes profissionais. São lugares em que, quando havia médico, ele não passava mais de dez dias, o que, para um acompanhamento em saúde, não adianta nada. Estes médicos vão para lugares onde realmente farão a diferença, todos os dias”, afirma.
A partir do final do curso de atualização, os médicos começarão a ser enviados para as cidades onde deverão atuar. O Amazonas receberá ao todo 123 médicos nesta fase do programa, que atuarão em 21 municípios e seis Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena (DSEIs).
Segundo o secretario de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Antonio Alves, a contratação dos médicos é apenas a primeira ação do plano do governo Federal, que servirá para minimizar o problema a curto prazo. “Mas a formação de mais médicos, os investimentos em equipamentos e na construção de Unidades Básicas de Saúde e hospitais serão as ações que devem ocorrer em médio e longo prazo”.
O secretário diz considerar “desumana” a atitude de boa parte da classe médica do Brasil, que vem se posicionando contra o Mais Médicos. “É uma posição elitista e ideológica, um ato desumano com a população que precisa de atenção e que não a tem, pois nenhum brasileiro tem interesse em ocupar estas vagas”. Segundo Alves, algumas das vagas que estão sendo preenchidas com o programa estão disponíveis há cerca de três anos, sem candidatos.
Além da contratação de médicos, o programa prevê o investimento de R$ 15 bilhões na expansão e melhoria da rede pública de saúde do País. De acordo com Antônio Alves, R$ 150 milhões já estão contratados no Amazonas, para aplicação até 2014.
Fonte: Portal D24AM |