Bancários em assembleias nas principais bases sindicais do país na noite desta quinta-feira (12) rejeitaram o índice de reajuste salarial sem aumento real oferecido pelo setor patronal. Caso a Federação dos Bancos (Fenaban) não apresente nova proposta, já ficou aprovado o início de greve por tempo indeterminado a partir da próxima quinta-feira (19).
Já ocorreram quatro rodadas de negociação. A proposta oferecida pelos representantes dos bancos, reajuste de 6,1%, apenas repõe a inflação medida pelo INPC nos últimos 12 meses. Mas a pauta econômica os trabalhadores inclui 5% de aumento real, piso salarial de R$ 2.860, Participação nos Lucros e Resultados no valor de três salários somados a uma parcela adicional fixa de R$ 5.553,15 e vales refeição e alimentação no valor do salário mínimo nacional, R$ 678, cada.
Os trabalhadores reivindicam ainda mais contratações, combate às pressões por metas abusivas e ao assédio moral, entre outros. De acordo com informações do INSS, somente no ano passado 21.144 bancários foram afastados por doenças ocupacionais, transtornos mentais e comportamentais, como stress, depressão e síndrome do pânico. De janeiro a março de 2013, 4.387 pessoas se licenciaram pelos mesmos motivos.
As entidades sindicais observam que o setor financeiro apresentou lucros recordes no primeiro semestre de 2013. Os cinco maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa Federal, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander) alcançaram resultado de R$ 29,1 bilhões, um crescimento de 18,2% comparado ao mesmo período do ano passado.
“Essa é a maior rentabilidade do sistema financeiro internacional, graças principalmente ao aumento da produtividade dos bancários. Por isso consideramos a proposta, que não tem aumento real e desconsidera as demais reivindicações, como uma provocação dos bancos", afirma o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, no site da entidade.
“Não vamos fechar a campanha sem aumento real e melhorias para a saúde, segurança e as condições de trabalho dos bancários”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira.
O Comando Nacional é formado por representantes de federações e sindicatos, onde trabalham cerca de 95% dos 490 mil bancários do país.
Pressão por vendas não leva em conta necessidades dos clientes
Juvandia disse, em entrevista à Rádio Brasil Atual, que não só o baixo índice de reajuste apresentado como a ausência de respostas para questões de emprego e condições de trabalho desapontam os representantes da categoria nas negociações. O Comando Nacional considera que o desempenho dos bancos permite mais contratações para melhorar o atendimento e desafogar a sobrecarga de trabalho.
Ela considera ainda essencial a discussão da política de metas, uma das principais causas, segundo ela, do elevado índice de adoecimento dos trabalhadores do ramos financeiro. "Os bancos têm metas trimestrais, ou semestrais, a alacançar, mas o bancários é cobrado todo dia, até três vezes por dia, sobre o andamento de suas vendas. Desesperado, ele tem de vender o que o banco quer que ele venda, e não de acordo com as necessidades dos clientes", critica.
Fonte: Brasil de Fato |