A Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA – Seção Sindical do ANDES-SN) publica Nota Luta e Resistência pelo Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas. Leia a nota completa aqui em PDF ou a seguir:
NOTA DE LUTA E RESISTÊNCIA
19 DE ABRIL DE 2021 – HOJE E SEMPRE
DIA NACIONAL DE LUTA DOS POVOS INDÍGENAS
Neste dia 19 do abril vermelho de 2021, o Brasil que não transige com a barbárie em curso nem cede aos apelos do que Paulo Freire denominava de “apetite burguês do êxito pessoal”, nossa ADUA – Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional, traz à memória as últimas palavras escritas pelo educador maior deste país, no ano centenário de seu nascimento: Paulo Freire (19 de setembro de 1921 – 02 de maio de 1997), quando soube do assassinato, em Brasília-DF, do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, queimado vivo numa parada de ônibus por cinco adolescentes. Galdino tinha ido à fria e burocrática capital federal para participar da luta coletiva dos povos indígenas naquele 19 de abril de 1997.
Já com a saúde física debilitada – pois viria a falecer alguns dias depois, em 02 de maio de 1997 – Paulo Freire, tomado por indignação ética, buscou força interior para escrever uma carta, que depois integraria o livro póstumo Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos, publicado em 2000. Esta carta, a terceira do livro, intitula-se: Do assassinato de Galdino Jesus dos Santos – índio pataxó, cujo parágrafo inicial reproduzimos nesta Nota de Luta e Resistência:
Cinco adolescentes mataram hoje, barbaramente, um índio pataxó, que dormia tranquilo numa estação de ônibus, em Brasília. Disseram à polícia que estavam brincando. Que coisa estranha. Brincando de matar. Tocaram fogo no corpo do índio como quem queima uma inutilidade. Um trapo imprestável. Para sua crueldade e seu gosto de morte, o índio não era um tu ou um ele. Era aquilo, aquela coisa ali. Uma espécie de sombra inferior no mundo. Inferior e incômoda, incômoda e ofensiva.
O Brasil de 2021 está sob uma combinação política cuja “crueldade e seu gosto de morte” naturaliza em números estatísticos, vidas, histórias e nomes a cada dia tragados pela pandemia de Covid-19, agravada pela negligência criminosa dos que podem e se omitem diante do genocídio em curso. Dentre os mais vulnerabilizados por essa tragédia social estão os povos indígenas e é deles, ao retirarem força da vida em constante ameaça, que nos vem o que falta a nós e à maioria do povo brasileiro: organização, coragem e resistência.
Vidas importam! Vidas indígenas importam! Nenhum direito a menos! Vida longa à luta e resistência dos povos indígenas!
Diretoria da ADUA – Seção Sindical
19 de abril de 2021
Biênio 2020-2022
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