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  18/03/2021


Pesquisa revela que 68% dos moradores de favelas não têm dinheiro para comprar comida



A crise sanitária e social levou centenas de pessoas a passar fome no Brasil. Segundo levantamento do Instituto Data Favela, em parceria com a Locomotiva – Pesquisa e Estratégia e a Central Única das Favelas (Cufa), 68% dos (as) moradores (as) das favelas do país não têm recursos para comprar comida.

 

O resultado do estudo sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na vida dessa parcela da população foi divulgado no sábado (13 de março). A pesquisa entrevistou 2.087 pessoas maiores de 16 anos, em 76 favelas do Brasil, no período de 9 a 11 de fevereiro de 2021. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais.

 

Os dados mostram também que o número de refeições diárias dos (as) moradores (as) das comunidades vem diminuindo. A queda da média foi de 2,4 (agosto de 2020) para 1,9 (fevereiro deste ano). A pesquisa aponta ainda que 71% das famílias estão sobrevivendo com menos da metade da renda que tinham antes da pandemia e que 93% dos moradores não têm nenhum dinheiro guardado.

 

“Os dados são hoje os mais preocupantes desde o início da pandemia. Nós monitoramos, durante o último ano, praticamente todos os meses a situação das favelas e, em nenhuma das pesquisas, o dado foi tão preocupante como esse, seja no número de pessoas sem poupança, seja no número de pessoas com falta de dinheiro para comprar comida, seja na redução do número de refeições”, destacou o presidente do Instituto Locomotiva e fundador do Data Favela, Renato Meirelles.

 

Maior risco à saúde

 

A pesquisa revelou que as pessoas das comunidades têm enfrentado um risco sanitário maior por ter que se expor ao vírus para conseguir sustento. Conforme o estudo, 32% estão procurando seguir as medidas de prevenção contra a covid-19; 33% estão procurando seguir, mas nem sempre conseguem; 30% não conseguem seguir e 5% admitiram que não estão tentando seguir.

 

“Com o agravamento da crise sanitária e com os recordes de contaminação, nunca foi tão importante o reestabelecimento imediato do auxílio emergencial. São brasileiros que foram obrigados, desde o início da pandemia, a ter que escolher entre o prato de comida ou a proteção da saúde da sua família”, disse Meirelles. “Não é à toa que a maior parte das pesquisas sobre a infecção mostra que o número de contágio na favela é, em geral, o dobro quando comparada às regiões mais nobres”, acrescentou.

 

Doações

 

O levantamento mostra a importância das doações na vida dos (as) moradores (as) das favelas: nove em cada dez pessoas receberam alguma doação durante a pandemia. E oito em cada dez famílias não teriam condições de se alimentar, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar as contas básicas, caso não tivessem recebido doações.

 

“É muito comum nas pesquisas ouvir a frase: na favela se o seu vizinho tem comida, ninguém passa fome. No sentido de que eles dividem o pouco que têm, mostrando uma solidariedade impressionante nesse cenário”, afirmou Meirelles.

 

Foto do Brasil de Fato de fila para receber comida em São Paulo

 

Fontes: ANDES-SN, Agência Nacional de Favelas (ANF) e Agência Brasil

 

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