A truculência da Tropa de Choque da Polícia Militar na reintegração de posse da Reitoria da Universidade Estadual Paulista (Unesp), realizada na madrugada desta quarta-feira (17), é denunciada pelos estudantes que ocupavam o local. Segundo matéria publicada no site G1, os universitários que estavam em frente ao 2º Distrito Policial no Bom Retiro, para onde foram levados 119 manifestantes, afirmaram que os policiais fizeram ameaças e pelo menos um dos estudantes ficou ferido.
Em entrevista ao G1, o estudante do curso de Enfermagem da Unesp de Botucatu Micael Almeida disse que a Reitoria se negou a negociar com os estudantes e chamou a PM. Segundo a reportagem, ele afirmou ainda ter presenciado a agressão de um universitário. “A polícia chegou, cerca de 5h, entrou de forma truculenta. Eles quebraram uma porta de vidro de onde nós estávamos e a porta estava aberta. Eles nos ameaçaram: ou nós saíamos ou eles iam usar força bruta para nos tirar dali. Um aluno foi agredido pela Tropa de Choque”, contou o aluno ao G1.
A matéria afirma ainda que, segundo a PM, os manifestantes que estavam no prédio da Reitoria foram levados para o 2º DP em três ônibus e em duas vans por depredação. Segundo o G1, os estudantes detidos negam que tenha danificado o prédio e acusam a PM de provocar a destruição.
“Os policiais chegaram correndo, gritando conosco, pegaram a garrafa e falaram que era gasolina. Cheiraram, viram que não era e jogaram a garrafa no chão. Nos trataram de forma grosseira. E quando estávamos no meio da rua, jogaram a garrafa na gente, falando que era coquetel molotov”, disse ao G1 o estudante de filosofia Felipe Luiz, que estava do lado de fora da Reitoria com um amigo e uma garrafa de conhaque quando a PM chegou.
Segundo o G1, com o grande número de pessoas levadas para o Distrito Policial, parte dos manifestantes ficou do lado de fora, na rua. Policiais militares fizeram um cordão de isolamento. À medida que eles eram identificados pela Polícia Civil, os estudantes foram liberados, de acordo com a reportagem.
A ocupação da Reitoria da Unesp começou na tarde desta terça-feira (15). Entre as reivindicações dos estudantes estão a criação de uma Coordenadoria de Permanência Estudantil (CPE), o aumento da participação de estudantes na composição da Comissão Permanente de Permanência Estudantil (CPPE), a cessão de uma sala para a instalação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e a realização de ações emergenciais de auxílio estudantil nos campi de Ourinhos e São Vicente.
Os estudantes da Unesp já haviam ocupado a Reitoria em 27 de junho, e desocuparam o local após entrarem em acordo com a instituição para a ampliação das políticas de auxílio e permanência estudantil, como o aumento do número de bolsas-aluguel e bolsas para alunos de baixa renda, e o pagamento retroativo de bolsas de pesquisa. Em junho, diversos campi da Unesp tiveram protestos, ocupações e greves de estudantes, funcionários e professores em Bauru, Marília, Franca, Ourinhos, Botucatu, Araraquara e São José dos Campos.
De acordo com o G1, na ocasião a Reitoria se comprometeu a elaborar uma proposta de obras para a construção de moradias e restaurantes, além de solicitar à assessoria jurídica o encaminhamento de propostas de ampliação da participação estudantil nos órgãos colegiados da instituição.
Fonte: ANDES-SN
|