Os protestos a favor de mudanças no sistema educacional do Chile não parecem perder o fôlego com o passar do tempo. Mesmo com a repressão cada vez mais gritante às manifestações de professores, estudantes e trabalhadores de todo o país, a mobilização se fortalece e é registrada para a história através de vídeos como o documentário em curta-metragem realizado pela Productora Comunicación Social, intitulado “El Ocaso Del Miedo” (“O fim do medo”).
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O documentário é um retrato vivo das ruas de Santiago do Chile durante mobilizações ocorridas no dia 9 de agosto de 2011. O vídeo capta o enfrentamento entre manifestantes e o forte aparato policial de repressão às manifestações em prol de melhoras no sistema educacional chileno. São 16 minutos que dão a sensação de o espectador fazer parte do protesto, dado o estilo “câmera na mão”.
“El Ocaso Del Miedo” é dedicado a Manuel Gutiérrez, jovem que foi assassinado pela polícia na madrugada de 26 de agosto. O jovem acompanhava seu irmão, Gerson, portador de necessidades especiais, a fim de observar os “panelaços” da população contra o atual governo do presidente Sebastian Piñera. Segundo testemunhas, uma bala perdida atingiu o rapaz de apenas 16 anos quando a polícia decidiu intervir nos protestos, o que gerou mais revolta.
A raiz do problema
Na mais recente edição do Jornal da Adua, a ser lançada na próxima quarta-feira, o artigo “O exemplo que vem do Chile”, de Ib Sales Tapajós, traz um panorama geral dos motivos que levaram a juventude chilena a enfrentar o governo e exigir uma educação pública de qualidade.
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No artigo, Tapajós explica como a reforma de 1981 extinguiu a gratuidade no Ensino Superior chileno. A mudança levou à proliferação de universidades privadas e “mistas” (ou seja, as que recebem subsídios privados e do governo), mas gerou também o endividamento da juventude no país, que chegam a pagar até R$ 16 mil por ano só em mensalidades. Resta então aos estudantes de baixa renda apelar ao sistema de créditos, que lhes rende contas altíssimas e comprometem sua renda por anos e anos.
Tapajós explica que a privatização total do ensino é a raiz que gerou a onda de protestos no Chile, que, aliada a onda de mudanças sociais dos últimos anos, surge no sentido de agir por uma sociedade mais justa. Não por acaso, a luta dos estudantes chilenos conta com 86% da aprovação da população do país.
Rumos da mobilização
Apesar de já se estender por quase 3 meses, os protestos no Chile não tem data prevista para cessar e nem demonstram sinais de cansaço. Prova disso é a divulgação de que há um calendário de protestos programado para acontecer fora do Chile. Segundo informações da Agência Brasil, estão previstas manifestações na frente de embaixadas e consulados chilenos em toda a América Latina. Além disso, professores chilenos e argentinos marcam encontro na fronteira entre os dois países para um ato simbólico, o abraço de solidariedade. Por fim, no dia 30 de setembro acontece um plebiscito para que a população chilena se manifeste sobre a reforma na educação.
FONTE: Adua |