A ADUA e docentes do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) da Universidade Federal do Amazonas emitiram, nesta segunda-feira (25), uma nota pela vida e contra o descaso das autoridades no município de Parintins (AM) durante a pandemia da Covid-19. Colaborada pela má gestão dos governos federal e estadual, a pandemia já resulta na morte de 7 mil pessoas no Amazonas e mais de 250 mil infecções.
“O auge da crise pandêmica no Amazonas parece não ter fim. No início de 2021, a tragédia se amplia e nos enche de indignação: falta oxigênio para pacientes de COVID-19 no Estado. Dezenas de pessoas morreram asfixiadas nos hospitais, uma barbárie com requintes de crueldade. De quem é a responsabilidade por essas mortes? Onde estão as medidas concretas das autoridades competentes? Governo Federal? Governo Estadual? Municípios? Assumam sua responsabilidade!”, afirmam os/as docentes e a seção sindical no documento.
Leia abaixo a nota completa:
NOTA PELA VIDA E CONTRA O DESCASO DAS AUTORIDADES EM PARINTINS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Vivemos a maior crise sanitária dos últimos 100 anos no mundo. A pandemia de COVID-19 já matou, só no Brasil, em números oficiais, mais de 220 mil pessoas. Uma tragédia de proporções catastróficas. O Governo Federal, sobretudo o Ministério da Saúde, tem agido de forma omissa e, em muitos casos, criminosa. O presidente da república, durante todo o ano de 2020, fez pouco caso da pandemia, incentivou aglomerações e a não utilização de máscaras protetoras, além do uso de medicação “preventiva” não comprovada cientificamente e rechaçada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, a suspensão do auxílio emergencial e a inexistência de uma política de renda mínima para as pessoas mais vulneráveis tem levado a fome e ao desespero milhares de famílias, uma tragédia anunciada.
No Amazonas, além da crise sem precedentes potencializada pelo Governo Federal, uma sucessão de erros, omissões, má gestão, denúncias de irregularidades e indiferença para com o sofrimento da população, fez com que o Estado chegasse, em dados de hoje, ao triste número de mais de 7.000 mortos, além de mais de 250.00 contaminados. As cenas traumáticas dos enterros coletivos nos cemitérios de Manaus ainda estão vivas, sobretudo para as famílias que perderam seus entes queridos e que nunca mais poderão vê-los. Não bastasse tudo isso, uma “segunda onda” de contaminações – prevista insistentemente por uma série de pesquisadores(as) de institutos e universidades públicas – mostra um grande aumento no número de contaminações, além de uma maior letalidade do vírus.
O auge da crise pandêmica no Amazonas parece não ter fim. No início de 2021, a tragédia se amplia e nos enche de indignação: falta oxigênio para pacientes de COVID-19 no Estado. Dezenas de pessoas morreram asfixiadas nos hospitais, uma barbárie com requintes de crueldade. De quem é a responsabilidade por essas mortes? Onde estão as medidas concretas das autoridades competentes? Governo Federal? Governo Estadual? Municípios? Assumam sua responsabilidade!
Vivemos tempos sombrios e em Parintins, segunda maior cidade do estado, a situação não é diferente, com dados oficiais de mais de 7 mil casos confirmados e 181 falecimentos em decorrência da COVID-19. O município, com mais de 110 mil habitantes, não possui Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) em nenhum de seus hospitais. Em denúncia feita pela Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DEP-AM), divulgada nesse domingo (24/01), já há pessoas morrendo asfixiadas por falta de oxigênio em sua principal unidade hospitalar de referência, o hospital Jofre Cohen, que está lotado e não possui mais leitos disponíveis (disponível em: https.ly/3qScPxl).
No último dia 16/01 o prefeito de Parintins, Frank Bi Garcia, anunciou a aquisição de uma “fábrica de oxigênio” que estaria funcionando em 48h. O que revelou não ser suficiente. Com a rede de atendimento lotada e os profissionais da saúde exaustos, adoecidos, em número reduzido e em condições precárias, juntamente com a ausência de uma política mais restritiva de circulação de pessoas (lockdown), acrescentada a um número cada vez maior de contaminações, prevemos uma “tragédia dentro da tragédia” na cidade conhecida nacionalmente pelo maior festival folclórico da Região Norte se medidas emergenciais e concretas não forem feitas. Exigimos uma imediata resposta das autoridades competentes, sobretudo Prefeitura de Parintins e Governo do Estado do Amazonas, em relação as denúncias feitas nesse documento.
Parintins, 24 de janeiro de 2021
Assinam:
ADUA - Seção Sindical do ANDES-SN
Adelson da Costa Fernando
Alice Alves Meneses Ponce de Leão
Andes/SN
Andreza Gomes Weil
Angela Maria da Silva Lehmkuhl
Carlos Jorge Barros Monteiro
Claudia Carnevakis de Mello
Colima - Coletivo Mulheres de Fibra da Amazônia
Danilza de Souza Teixeira
David Huxiley dos Santos Cardoso
Dayana Cury Rolim
Dejanete Francisca de Andrade Freitas
Ericky da Silva Nakanome
Fabiana Ferronha Wielewicki
Gladson Rosas Haradou
Lucas Milhomens Fonseca
Marcelo Rocha Radicchi
Marcelo Rodrigo da Silva
Maria Audirene de Souza Cordeiro
Maria das Graças Pereira Soares
Maria Eliane de Oliveira Vasconcelos
Mariana Pereira de Andrade
Marinez França de Souza
Michel do Vale Maciel
Milena Barroso
Patrício Azevedo Ribeiro
Sandra Damasceno da Rocha
Sandra Helena da Silva
Sandréia Pantoja Lobato
Soraia Maria Castro e Castro
Soraya Farias de Andrade Freitas
Soriany Simas Neves
Thiago Cardoso Franco
Thiago de Souza
Valmiene Florindo Farias Sousa
Foto: Dsei Parintins
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